Ivana Maria França de Negri - Cadeira no 33 |
Aquela incumbência, certamente, seria a pior de toda a sua vida. Já atravessara períodos de muita apreensão, medo, passara por inúmeras dificuldades e tivera que tomar decisões importantes e difíceis que mudariam o rumo de sua vida. Mas nada se comparava a essa espinhosa missão. Por coincidência, era maio, mês dedicado às mães.
Nunca estivera numa situação tão melindrosa, uma das mais tristes de toda a sua vida. Parecia que haviam cravado um espinho em seu coração, e doía muito. Não sabia como fugir do encargo e desejou não estar ali naquele momento.
Em seus pensamentos, como num filme macabro, tudo ia rodando. A viagem marcada para o exterior por causa da grande oportunidade que surgiu para o marido. Promovido, ele ganharia o triplo do que ganhava no Brasil. O sonho dele de trabalhar numa das maiores instituições do mundo estava prestes a se concretizar.
Os filhos adolescentes estavam eufóricos! Iriam estudar nos Estados Unidos e praticariam seus esportes preferidos em famosas universidades.
Uma oportunidade dessa não podia ser desprezada, e os amigos incentivavam. Mas antes, ela teria que realizar o que seria a pior missão de sua vida.
Era filha única. A mãe viúva, e já bem entrada nos anos, não teria condições de acompanhá-los. Os amigos diziam: “a vida é assim mesmo, tratem de aproveitar a chance e sejam felizes. Ela vai compreender”.
Guiava o carro como um robô. Não conseguia enxergar direito por causa das lágrimas que teimavam em brotar dos olhos. Que filha desnaturada, que monstro se tornara!
Apanhou a mãe idosa e sua pequena sacola com algumas peças de roupa e o inseparável xale de lãzinha (costumava dizer que tinha muito frio nos ossos), os óculos, e a caixa de lembranças, que era a coisa de maior valia para ela.
Ao chegar ao destino, abriu a porta e a conduziu à entrada do lar de idosos. Beijou-a com a terrível impressão de que seria a última vez que o faria. Ouviu a voz trêmula da mãe dizer: “Vá com Deus, minha filha, não se preocupe, ficarei bem”. Na caixa de lembranças, as fotos do marido falecido, da filha, dos netos, de toda uma vida que agora era passado. Fotos amareladas e recordações felizes de um tempo que jamais voltaria. Daqui para a frente só a saudade como companheira constante. E as lembranças, tantas lembranças...
A última imagem que ficou em sua memória, foi a de uma velhinha curvada caminhando lentamente, com dificuldade, apoiada na bengala e envolta num xale lilás desbotado, e os dedos retorcidos pela artrose acenando de longe. Auxiliada por uma enfermeira, entrando num lugar desconhecido, no meio de pessoas estranhas, num lar que não era o dela.
Acelerou o carro como se quisesse virar rapidamente aquela página de sua vida. O serviço estava feito, não haveria volta. Doeu no íntimo de sua alma, uma dor lancinante, e sentiu uma tristeza muito grande que sufocava na garganta e apertava o coração. Mas era a vida que seguia seu rumo, e nela, não havia lugar para uma velha mãe.
A você mulher divina e maravilhosa, meus parabéns pela sublime arte da maternidade, um abraço fraterno.
ResponderExcluirDaniel Brandão.
http://danbrandao.blogspot.com
MAIO
Maio,
é o mês das flores,
das noivas,
e das mulheres.
Maio,
é o mês da ternura,
da esperança,
e do amor.
Maio,
é um mês sublime
cheio de perfume no ar.
Maio,
é o mês da for suprema
a flor “ MÃE”.
Daniel Brandão.