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domingo, 15 de janeiro de 2012

PHARMACIA E ODONTOLOGIA 1914/1935

Waldemar Romano
Cadeira n° 11 - Patrono: Benedicto de Andrade
Sem inspiração poética, carente do espírito de contista, assíduo leitor e grande admirador dos bons cronistas, resta-me atender à solicitação da Diretoria da Academia Piracicabana de Letras, oferecendo para publicação nesta edição da Revista, matéria de natureza histórica que, acredito, possa ser novidade para elevada parcela dos possíveis leitores.

ESCOLA DE PHARMÁCIA E ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

Em 18 de Novembro de 1914, reuniram-se no Teatro Santo Estevão diversas personalidades de Piracicaba, entre elas médicos, cirurgiões-dentistas, agrônomos, professores da Escola Normal e ou¬tros, para a fundação da Escola de Pharmacia e Odontologia, tendo assumido a presidência Torquato Leitão e, como secretários, Oscarlino Dias e Octavio Mendes.
Foram formadas diversas comissões das quais participaram Cândido de Camargo, João Olavo, Jorge Augusto da Silveira, Honorato Faustino de Oliveira, o farmacêuti¬co Samuel Neves, Júlio Marcondes Guimarães e Roque Salles de Lima. Inicialmente a Escola foi ins¬talada no prédio da Sociedade Be¬neficente Operária, à rua Piracicaba, e as aulas tiveram início no ano seguinte, sendo que a Diretoria foi constitu¬ída em 10 de janeiro de 1915, por Jorge Augusto da Silveira, Cândido de Camargo e Júlio Marcondes Guimarães. Em 1915, foi enviado ofício à admi¬nistração municipal, solicitando doação de um terreno à rua Esperança.
Em 27 de novembro de 1916, houve a entrega de diplomas, em sessão solene no Teatro Santo Estevão, da primeira turma de formandos desta Escola, pois o Curso, pela Lei Rivadavia, era de dois anos. Os qua¬dros de formatura, executados pelo artista José Álvares Cienfuegos e pelo fotógrafo Luiz Sacconi, ficaram expostos na Casa Giraldes.
Em 3 de julho de 1919, a Escola passou a funcionar à rua XV de Novembro, 33. Em 17 de junho de 1923, foram inauguradas as novas insta¬lações da Escola, à rua Alferes José Caetano, 190-A, cuja numeração a partir de 1940, passou a ser 1167, em um prédio hoje demolido, onde funci¬ona um estacionamento para veículos, sob n° 1153.
Durante alguns anos, houve divergências entre os profissionais an¬teriormente instalados na cidade e os responsáveis pelo funcionamento da Escola, pois as recentes leis promulgadas estabeleceriam maiores exigên¬cias para o exercício da profissão.
Para a continuidade da Escola foram positivos os trabalhos do piracicabano senador João Sampaio e Jacob Diehl Neto. Por outro lado, o deputado Samuel Neves omitiu-se por completo na Câmara dos Deputados.
As Administrações Municipais de São Paulo, Ribeirão Preto, Itapetininga, Pindamonhangaba e Jaboticabal auxiliavam suas escolas de Odontologia, o que não ocorria com essa, da cidade de Piracicaba.
Em 28 de março de 1927, o Correio Paulistano publicou telegrama recebido do Rio de Janeiro: “O Sr. Ministro da Justiça concede equiparação aos institutos federais congéneres à Escola de Odontologia de Piracicaba, cuja denominação a diretoria mudou para Escola de Odontologia " Washing¬ton Luiz”.
Em maio de 1929, a Escola adquiriu o prédio onde residiu o Dr. Prudente de Moraes, à rua Santo António, esquina com a rua 13 de maio (hoje, rua Santo António, 641, sede do Museu Histórico e Pedagógico Pru¬dente de Moraes).
Em 1930, diplomou-se Carlos Aldrovandi, orador de sua turma e mais tarde professor de Prótese da Faculdade de Farmácia e Odontologia da Universidade de São Paulo. O professor Aldrovandi foi o diretor instalador da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, simultaneamente à instalação da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (F.F.O.P), na década de 1950.
A Escola de Odontologia Washington Luiz passou a chamar-se Escola de Odontologia Prudente de Moraes, a partir de 6 de julho de 1931, sendo oficializada pelo Decreto-Lei Federal n° 20179. Após a revolução constitucionalista, Getúlio Vargas fechou as Escolas de Odontologia, a maioria funcionando de forma irregular.
Em 1935, a Escola de Odontologia Prudente de Moraes encerra as atividades. Esse estabelecimento de ensino, que projetou Piracicaba duran¬te duas décadas, deve sua existência a Jorge Augusto da Silveira, cirurgião-dentista formado pela Escola de Pharmacia e Odontologia D'O Granbery, de Juiz de Fora, estado de Minas Gerais. Idealista, viu a Faculdade evoluir graças à sua abnegação e sacrifício, pois muitas vezes colocou verbas pes¬soais para mantê-la. Posteriormente mudou-se para a cidade de Santos, onde hoje encontram-se alguns de seus descendentes.
Em 1999, o Dr. Elias Rosenthal, cirurgião dentista instalado na Capital, como Diretor do Instituto Museu e Odontologia de São Paulo, solicitou ao Dr. Reinaldo J. F. Salvego, de nossa cidade, que pesquisasse de 1914 a 1935, no Jornal de Piracicaba, as publicações referentes a esta Instituição de Ensino; este, dedicado como sempre, o fez de forma metódica e o Dr. Elias organizou o histórico. Foram ainda conseguidos importantes registros no primeiro cartório da comarca de Piracicaba, bem como, através do Prof. Guilherme Vitti, cópias de documentos e atas da Câmara Municipal. Esta documentação, doada pelo Dr. Elias Rosenthal, consta do acervo do Museu odontológico “Dra. Grace H. C. Alvarez”, setor cultural da APCD Regional Piracicaba e que conta apoio do SOPRE (Sindicato dos Odontologistas de Piracicaba e região) e da Uniodonto de Piracicaba. Atualmente, por convênio com a Unicamp, ocupa amplo espaço no prédio da Rua D. Pedro II, 627, aberto ao público de segunda a sexta-feira, das 13h às 17h.

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