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quarta-feira, 4 de julho de 2012

VELHICE: O QUE É ISSO?

Lino Vitti Cadeira n° 37 - Patrono: Sebastião Ferraz                                       
            Veja bem, o possível leitor, que surgem, de imediato, nas linhas do título desta quiçá milionésima crônica minha, dois vocábulos significativos sobre o tema pretensamente abordado por mim: velhice e decano.
            Ser velho não é curvar-se bisonhamente ao peso dos muitos anos. Não é reclamar do vazio físico, social, espiritual, humano enfim, com que a vida contempla os que ultrapassam os 80. Não é deitar no leito do nada fazer aguardando a hora de partir para a eternidade. Não é locupletar consultórios médicos ou hospitalares com visitas constantes e nem sempre necessárias , na tentativa inútil de repelir  para longe aquilo que é próprio de todos os mortais, feitos de carne e ossos que  o tempo se compraz em achacar e destruir. Não é encastoar-se  numa torre de isolamento, renegando tantas coisas belas e boas que a vida costuma oferecer a qualquer um de nós, mesmo que a companhia dos anos seja numerosa e desagradável.  Não é ainda – ser velho -  renunciar aos amores familiares, aos sonhos gostosos, aos anseios de vencer, aos desejos de divertir-se, às possibilidades de conquistar novas amizades, novos relacionamentos, novos conhecimentos artísticos, científicos; de renunciar à leitura de livros, jornais, revistas; de deixar  de sentar-se diante da tevê para assistir disputas esportivas, novelas glamorosas, noticiário nacional e internacional, filmes novos e antigos; e por último, diria, ser velho não é jamais jogar a vontade de lado, no lixo, e deixar de escrever crônicas, artigos, romances, poesia, pintar, transmitir novas teorias, novos princípios políticos, participar da vida institucional do país e acompanhar tudo quanto em outras nações acontece...
            Isto seria não ser um velho legal, e o contrário disso, seria, logicamente, SER VELHO. Prematuramente, desnecessariamente SER VELHO!
            A velhice – a boa velhice – deve ser amada, como um dom divino, como um prêmio da vida, como um valor inarredável da existência, como um modelo que deve permanecer no seio da sociedade, para ser imitado, para ser guardado, para ser cultuado. E às crianças, aos jovens, aos adultos e aos outros velhos, de qualquer sexo ou condição humana, cumpre ver com olhos de ouro aqueles a quem  o tempo elegeu para viver muitos anos, aqueles que vêem o horizonte do ocaso já bem próximo, iluminado como um convite a ser seguido, serenamente, à espera da noite sem fim e da eternidade .

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