Páginas

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Caminhando e meditando

Cássio Camilo Almeida de Negri
Cadeira n° 20 - Patrono: Benedicto Evangelista da Costa
 Cai a tarde.
São mais ou menos dezoito horas, a hora da Ave-Maria.
Estou caminhando, como quase sempre faço, para exercitar o corpo físico, e lendo, ao mesmo tempo, para exercitar o intelecto.
Agora, sento-me no teatro de arena no Parque da Rua do Porto, bem embaixo de uma amoreira carregada de frutos, e que me cede algumas de suas delícias vermelhas, quase pretas.
À  minha direita, chega um passarinho para também comer amoras e me ensina uma grande lição. Esse ser alado come as amoras bem verdes e olha para mim como a me dizer:
–“  Você come as frutas vermelhas e eu as verdes. Qual a mais gostosa?”
Apanho uma fruta verde e ele voa para não sei onde, me deixando sem resposta.
Durante a caminhada, eu vinha lendo um artigo – não importa de que religião ou de qual filosofia –  que dizia ser aquela a verdadeira sabedoria, a verdade eterna, a verdadeira amora vermelha.
Mas, o passarinho gosta da verde...
Qual a melhor? A amoreira tem frutas verdes, vermelhas, e também, olhem no chão, tem as amoras pretas, bem podres, cheias de vermes que se deliciam com elas.
Qual a melhor? A vermelha, a verde, ou a preta?
Obrigado vermes, vocês também resolveram reforçar minha lição.
Todas as amoras vêm da mesma amoreira e nenhuma é melhor do que a outra.
Para mim, a melhor é a vermelha. Para o passarinho , a melhor é a verde. Para o verme, a melhor é a podre.
Assim são as religiões, as filosofias. Todas são ótimas para a pessoa certa, no momento certo, no lugar certo. A melhor é aquela que estou seguindo neste instante, pois não existe nenhuma superior a outra. Cristianismo, Budismo, Islamismo, Induísmo, Espiritismo e outros ismos e sofias, todas são boas para a pessoa certa, no momento certo, no local certo.
Devemos ter muito cuidado de não cairmos nessa arrogância sutil que é a arrogância espiritual de achar que só nós estamos com a verdade.
Seja a amora vermelha, verde ou podre, cada uma cumpre sua função. Basta abrir os olhos da intuição e “ ver” a lição, tão clara a sua frente.
Obrigado, amoreira. Obrigado, passarinho. Obrigado, verme. Vocês me ensinaram uma grande lição pela intuição, mais do que o livro que eu lia, pelo intelecto.
Ensinaram-me que tudo é benéfico no momento certo, no tempo certo, no lugar certo.
“ Quem tem olhos para ver, que veja!”

Nenhum comentário:

Postar um comentário