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Marisa F. Bueloni Cadeira no 32 - Patrono: Thales Castanho de Andrade |
Minha pobre poesia
é sem não-me-toques:
diz o que sente
sem retoques
Pois eu digo sem rodeios
poesia é coisa de muitos meios
A minha é pé no chão
taipa de fogão à lenha
leite tirado da vaca
sonho que se ordenha
É cheiro de grama orvalhada
som de trovoada
pulo do sapo na relva
vida renovada
Roupa de algodão
chinelinho rasteiro
dor no coração
pombos no viveiro
Pois saibam os senhores
versos sentem dores
e estou aqui
na voragem da vida
rimando sofrida
Minha poesia paulista
tem som de viola caipira
repica numa ciranda
roda de dança catira
Minha poesia é pobreza
é sandália franciscana
tem cheiro de café
arroubo de fé
e gosto de cana
Meu poema pobrezinho
não tem um vintém
não conhece ninguém
é sozinho
Vive de migalhas
de palavras contidas
veste-se de tralhas
das horas batidas
Meu pobre poema
não possui esquema
nem estratagema
nem do ovo a gema
Canta pequenino
as tristes cantigas
varre o chão de pedras
deita-se em urtigas
Meu poema pobre
sem linhagem nobre
não faz feio:
vai levando a vida
como ao mundo veio
Se me envergonho?
Nada! Até componho
qualquer um versinho:
vou pelo caminho
brada o meu poema
geme o meu pinho
Meu poema chora
pela vida afora
Mas percorre altivo
as frases solares
e rima festivo
Olá Marisa, que tudo permaneça bem contigo!
ResponderExcluirSimples talvez, mas pobre jamais será teu poema,
Digo até que é deveras encantador,
Por expressar a simplicidade do viver como tema,
Ainda que traga palavras de dor, por favor,
Postou cá e compartilhou um belíssimo poema!
Desculpe, por me exceder neste simples comentário, e que, continuei embalado pela leitura deste teu belo pensamento escrito!
Assim grato e encantado me vou deixando meu desejo que você tenha um viver de intensa felicidade, abraços e até mais!
Ivana: sem palavras para agradecer tanta honra! Muito obrigada!
ResponderExcluirMARISA BUELONI
Oi MARISA.
ResponderExcluirRepetindo o que disse por e-mail, segue minha opinião, em TROVA:
NOBREZA
Jamais um poema é pobre,
mesmo com sangue caipira.
Poesia é Virtude Nobre,
que a poucos a Musa inspira.
abraço
André