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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Laços de família e saudade



 Valdiza Maria Caprânico 
Cadeira n° 4 - Patrono: Haldumont Nobre Ferraz 

        Recentemente perdemos uma pessoa muito querida de minha família – o tio José. Com a sua partida, refletindo sobre a vida e a morte, pude concluir o quanto privilegiada sou por fazer parte dessa família.
            Talvez por terem perdido o pai muito cedo, meu pai e seus irmãos – nove ao todo, educados pela mãe viúva – sempre foram muito unidos. Por circunstâncias da vida, os que se afastaram da família, sempre se encontravam nos bons momentos e nos momentos difíceis.
            Impossível esquecer os natais de minha infância, onde todos os irmãos e suas famílias se reuniam em meio a muita alegria, mesa farta e presentes para toda a criançada, em casa de nossa avó e, após sua morte, em casa da irmã mais velha, nossa querida tia Olivia. Após sua morte, as reuniões da família passaram a ser em casa do tio José, nos últimos mais de trinta anos.
            Crescemos todos nós, filhos e sobrinhos, nessa família, na verdade, não como primos, mas como irmãos.
            Quando o meu pai – Dante – o primeiro dos nove irmãos, partiu deste mundo, os outros, nossos tios, nos assumiram, a mim e minhas irmãs, como filhas, e nossa mãe como irmã. Não saberia dizer qual deles foi mais carinhoso, amigo, presente, em nossa vida.
            Assim, a vida foi seguindo; outros tios foram partindo e os que ficavam abraçavam a família do irmão ausente como sua.
            Até que nos restou só um – o tio José. Nunca faltou a nenhum de seus sobrinhos, sobrinhos-netos, seu apoio, seu carinho, sua presença sempre alegre e brincalhona. Era mesmo, nosso “tio-pai”.
        Com sua partida, não apenas seu único filho e seu único neto, mas, todos nós, ficamos órfãos – definitivamente.
            O exemplo de todos eles, do carinho, da união em família é nossa maior herança.
            Refletindo sobre a família, não dá para não comparar com muitas famílias de hoje, onde pais e filhos mal se falam, primos, tios, sobrinhos se tratam como estranhos, onde o carinho, a amizade, o respeito nem existem mais.
            Não que minha família fosse perfeita. Havia, e sempre haverá desentendimentos, rusgas que logo passavam e passarão. Jamais houve agressões físicas, violência, mortes, como se vê nos dias de hoje. É chocante, para minha família toda, ler nos noticiários, frequentemente, filhos matando pais, irmãos se matando, pai matando filhos, enfim, toda essa violência gerada dentro dos próprios lares – numa total falta de AMOR.
            Portanto, o que nos conforta a todos é saber que os laços de família, tecidos com muito amor, amizade e respeito existirão para sempre entre todos nós.
            E que, em algum lugar do infinito, junto de Deus, todos eles, nossos avós, pais e tios estarão felizes, olhando por nós.

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