Parece incrível, mas já
estamos chegando a mais um Natal, data em que a Humanidade resolve lembrar o
nascimento de Cristo Salvador. Essa rapidez com que o tempo passa, para os
cristãos, significa a inconsistência temporal da vida humana, a meditação da
eternidade e, principalmente, a necessidade de bitolar a nossa vida na
perseguição aos valores, atos e fatos que nos guiem os passos rumo ao fim
último do homem, qual seja Deus.
Os bairros de minha infância
– Santana e Santa Olímpia – graças a Deus, sempre souberam comemorar com toda a
dignidade e espírito cristão essa importante data religiosa e, por quê não?,
também civil. Lembro-me que desde pequenino meus avós, meus pais, meus tios e o
tias, os irmãos mais velhos, se uniam todos em melhor comemorar a festividade
santa do Natal, instalando sempre em cada lar, um presepe alusivo ao
tradicional acontecimento. Esses presepes, sempre lindos para nossos olhos
infantis, procuravam retratar quanto possível, o cenário de Belém, com a gruta,
a manjedoura, os santos José e Maria, o Menino-Deus, o boi e o burrinho, os
carneiros, os pastores, e três caminhos que vinham terminar em caminho único ao
chegar próximo a manjedoura. E por que três caminhos? Ora, é que por eles
viriam os Reis Magos visitar o Menino, a Criança Divina, e oferecer-lhe os
presentes ouro, incenso e mirra. Esses Reis Magos, que não passavam de
estatuetas, admirados pela nossa curiosidade infantil, percorriam aqueles caminhos
representativos de seus reinos, durante 15 dias, mudados um pouquinho à frente,
a cada dia, até o Dia de Reis, que era a 6 de Janeiro do ano seguinte. Ah! que
inveja tinha eu daquela pessoa responsável pela viagem dos Magos que tinha
autoridade para empurrá-los para diante! Como a gente “trabalhava” na cata do
musgo quer ia servir de grama no presepe, na busca da areia branquinha para
fazer os caminhozinhos, na descoberta de papelão colorido com que se fabricavam
as casinhas dos pastores e os palácios dos Reis Magos, colocados em cada canto
do tablado, o que para minha fantasia parecia estarem colocados a milhares de
quilômetros distantes da gruta divinal, por isso levavam 15 dias (!!!) para
chegarem até o Divino Infante.
Não sei se ainda aquelas
comunidades montam presepes residenciais. Nota Dez (A, de hoje), para os que
mantenham a tradição! Mas o mundo de nossos dias materializou aquilo que nunca
pode ser materializado. Transformou o Natal em ocasião de comercialização,
fazendo do Menino-Deus, um velho Papai-Noel, fazendo dos Santos Reis, uma
legião de vendedores e poluidores da inocência infantil. Parece a mim e aos que
me acompanharem nestas considerações, que a humanidade está se desviando para
aquilo que certo filósofo do passado afirmou tristemente: “Deus não existe”.
E sem Deus o que é que nós iríamos fazer!
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