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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Natal

Lino Vitti Cadeira n° 37 - Patrono: Sebastião Ferraz                                       


       Parece incrível, mas já estamos chegando a mais um Natal, data em que a Humanidade resolve lembrar o nascimento de Cristo Salvador. Essa rapidez com que o tempo passa, para os cristãos, significa a inconsistência temporal da vida humana, a meditação da eternidade e, principalmente, a necessidade de bitolar a nossa vida na perseguição aos valores, atos e fatos que nos guiem os passos rumo ao fim último do homem, qual seja Deus.
Os bairros de minha infância – Santana e Santa Olímpia – graças a Deus, sempre souberam comemorar com toda a dignidade e espírito cristão essa importante data religiosa e, por quê não?, também civil. Lembro-me que desde pequenino meus avós, meus pais, meus tios e o tias, os irmãos mais velhos, se uniam todos em melhor comemorar a festividade santa do Natal, instalando sempre em cada lar, um presepe alusivo ao tradicional acontecimento. Esses presepes, sempre lindos para nossos olhos infantis, procuravam retratar quanto possível, o cenário de Belém, com a gruta, a manjedoura, os santos José e Maria, o Menino-Deus, o boi e o burrinho, os carneiros, os pastores, e três caminhos que vinham terminar em caminho único ao chegar próximo a manjedoura. E por que três caminhos? Ora, é que por eles viriam os Reis Magos visitar o Menino, a Criança Divina, e oferecer-lhe os presentes ouro, incenso e mirra. Esses Reis Magos, que não passavam de estatuetas, admirados pela nossa curiosidade infantil, percorriam aqueles caminhos representativos de seus reinos, durante 15 dias, mudados um pouquinho à frente, a cada dia, até o Dia de Reis, que era a 6 de Janeiro do ano seguinte. Ah! que inveja tinha eu daquela pessoa responsável pela viagem dos Magos que tinha autoridade para empurrá-los para diante! Como a gente “trabalhava” na cata do musgo quer ia servir de grama no presepe, na busca da areia branquinha para fazer os caminhozinhos, na descoberta de papelão colorido com que se fabricavam as casinhas dos pastores e os palácios dos Reis Magos, colocados em cada canto do tablado, o que para minha fantasia parecia estarem colocados a milhares de quilômetros distantes da gruta divinal, por isso levavam 15 dias (!!!) para chegarem até o Divino Infante.
Não sei se ainda aquelas comunidades montam presepes residenciais. Nota Dez (A, de hoje), para os que mantenham a tradição! Mas o mundo de nossos dias materializou aquilo que nunca pode ser materializado. Transformou o Natal em ocasião de comercialização, fazendo do Menino-Deus, um velho Papai-Noel, fazendo dos Santos Reis, uma legião de vendedores e poluidores da inocência infantil. Parece a mim e aos que me acompanharem nestas considerações, que a humanidade está se desviando para aquilo que certo filósofo do passado afirmou tristemente: “Deus não  existe”.
E  sem Deus o que é que nós iríamos fazer!

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