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sábado, 5 de janeiro de 2013

Fim e Início : renovam-se as esperanças *

 Acadêmica Myria Machado Botelho
Cadeira n° 24 - Patrona: Maria Cecília Machado Bonachella

            O saldo com as avaliações do ano que se despede prima pelos contrastes:tivemos o  bom e positivo, o mau e negativo. Um legado que aponta fatos marcantes para o Brasil e o mundo.
            No mundo, os avanços tecnológicos foram notáveis e até certo ponto, preocupantes,em vista de um marcante desvio comportamental que vem roubando de crianças e jovens prioridades indispensáveis à formação harmoniosa e ao necessário salto de qualidade de vida que não pode  excluir os vôos do sonho, da imaginação, da criatividade e da fertilidade espiritual. Embora não se menospreze a utilidade e o valor destes avanços, é preciso considerar que exageros e extremos na utilização destes benefícios podem conduzir a um outro lado danos e irremediável. É preciso dar à tecnologia e à máquina sua função específica, sem contudo deixar-se instrumentalizar por elas.
            Cada ser humano possui sua história pessoal e tem uma contribuição a oferecer ao bem comum. E o amor deve ser, de fato, a força maior que une e harmoniza as relações humanas.O homem não é fruto do acaso, sua vida não se esgota neste mundo, e o fundamento de sua dignidade está em sua colaboração, livre e responsável, com Deus, seu Criador. Os conflitos e as guerras pelo mundo apontam o inverso dessa concepção que surge como obstáculo à visão cristã do homem, sua inimizade contra o outro homem – “homo homini lúpus”.   
          Na Síria, a saída de Kofi Annan do posto de mediador da Liga Árabe e da Organização das Nações Unidas foi um retrocesso da esperança de paz no território árabe. O conflito entre os rebeldes agravou-se, apontando chacinas inimagináveis, inclusive contra as crianças, perpetradas pelo ditador Bashar Assad e seu regime.
            A comunicação instantânea e compartilhada atingiu um nível extraordinário e  deveria criar e constituir um elo maior de fraternidade entre os povos, tendo em vista   a criação de um mundo melhor e mais humano, renovado pela esperança e o empenho mais solidário de cada um. Chacinas como a mais recente, ocorrida numa cidade pacata dos Estados Unidos, deveriam ser pouco divulgadas, sem as explorações espalhafatosas  da Mídia sensacionalista que estimulam mentes doentias  a práticas semelhantes.
            A humanidade atingiu, no presente, uma situação que deve levá-la a uma reflexão profunda quanto aos rumos a tomar, no sentido de aprimorar as sociedades  e conduzi-las a uma nova fraternidade. Trata-se de uma questão da própria sobrevivência do planeta Terra. 
            No Brasil, embora a violência e os acidentes alarmantes e progressivos tenham sido um dado extremamente negativo, tivemos um alento pedagógico, que reacendeu na sociedade a esperança de que a lei, finalmente, é para todos. O julgamento do Mensalão, iniciado em agosto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), livrando-se da alcunha de Tribunal da Impunidade, condenou por crimes contra a República ex-ministros, ex-parlamentares, dirigentes de partidos, diretores de bancos e funcionários graduados de empresas de publicidade.Este escândalo político, considerado o maior da história do país, foi o fato mais relevante de 2012, que significou para o Brasil um avanço institucional, representado pela consolidação do estado de direito, estabelecendo o princípio de que todos são iguais perante a lei. 
            Esperemos que em 2013, este julgamento se consolide, estendendo-se àqueles , até aqui, considerados inimputáveis, porém, sabidamente criminosos. Os problemas endêmicos e graves que vimos enfrentando, como os da saúde, da educação e da segurança precisam ser encarados com acerto por responsáveis competentes.

* Artigo publicado na Gazeta de Piracicaba

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