Felisbino de Almeida Leme
Cadeira n° 8 - Patrono: Fortunato Losso Neto
|
Sente-se
aqui, mãezinha... Assim... Ao pé de mim, cerra seus olhos e deixe me acariciar
a neve do seu cabelo... Quantos anos!... O tempo corre, voa, fustiga, assusta e
foge... O tempo é o fantasma de todas as vidas, o medo de todos os seres... Mas
hoje que é seu dia, o tempo é apenas uma abstração... Uma ausência... Uma
sombra... Hoje o que é você, mãezinha... É o cansaço que está impresso nas
veias de teu corpo, é o alquebramento que lhe dói nas pernas, é a vacilação de
seus passos cansados, de suas palavras sempre iguais e sempre divinas... Hoje o
que importa é você... A sua imagem desenhada em luz diante de todos os
horizontes o seu nome pronunciado em ternura, acima de todas as coisas
terrenas... O abatimento dos seus olhos tristes e conformado... Não sei como
Deus lhe fez assim, um misto de anjo e de criatura, de sacrifício e de alegria
de sofrimento e de ternura, de amor e de bondade... Não sei... Hoje é seu
dia... Hoje desceu uma pausa sobre o mundo e as coisas do mundo... Ascendeu-se
a lanterna da gratidão... Inundou-se de flores o prado... A casa... O altar...
Hoje é festa num dia sem ontem e sem amanhã... Um dia que é único no tempo.
Único no espaço. Único no amor... E é seu mãezinha. Todo seu. Quisera dizer-lhe
mais, mãezinha, mas não posso... Não sei dizer... Minhas palavras fugiram, as
frases que eu havia ensaiado estão lá dormindo no papel... Os versos que lhe
fiz são paupérrimos diante de sua grandeza... Nós, diante de sua bondade...
Descalços diante de suas provocações...
Mas
mesmo sem dizer-lhe mais, creio que me compreenderá, se eu lhe disser apenas as
duas mais comoventes palavras que aprendi para você: É mãe!...
Nenhum comentário:
Postar um comentário