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domingo, 12 de maio de 2013

A VOCÊ MINHA MÃEZINHA

Felisbino de Almeida Leme
Cadeira n° 8 - Patrono: Fortunato Losso Neto

            Sente-se aqui, mãezinha... Assim... Ao pé de mim, cerra seus olhos e deixe me acariciar a neve do seu cabelo... Quantos anos!... O tempo corre, voa, fustiga, assusta e foge... O tempo é o fantasma de todas as vidas, o medo de todos os seres... Mas hoje que é seu dia, o tempo é apenas uma abstração... Uma ausência... Uma sombra... Hoje o que é você, mãezinha... É o cansaço que está impresso nas veias de teu corpo, é o alquebramento que lhe dói nas pernas, é a vacilação de seus passos cansados, de suas palavras sempre iguais e sempre divinas... Hoje o que importa é você... A sua imagem desenhada em luz diante de todos os horizontes o seu nome pronunciado em ternura, acima de todas as coisas terrenas... O abatimento dos seus olhos tristes e conformado... Não sei como Deus lhe fez assim, um misto de anjo e de criatura, de sacrifício e de alegria de sofrimento e de ternura, de amor e de bondade... Não sei... Hoje é seu dia... Hoje desceu uma pausa sobre o mundo e as coisas do mundo... Ascendeu-se a lanterna da gratidão... Inundou-se de flores o prado... A casa... O altar... Hoje é festa num dia sem ontem e sem amanhã... Um dia que é único no tempo. Único no espaço. Único no amor... E é seu mãezinha. Todo seu. Quisera dizer-lhe mais, mãezinha, mas não posso... Não sei dizer... Minhas palavras fugiram, as frases que eu havia ensaiado estão lá dormindo no papel... Os versos que lhe fiz são paupérrimos diante de sua grandeza... Nós, diante de sua bondade... Descalços diante de suas provocações...
         Mas mesmo sem dizer-lhe mais, creio que me compreenderá, se eu lhe disser apenas as duas mais comoventes palavras que aprendi para você: É mãe!...

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