Um dos pesos que irremediavelmente carregam
as pessoas que conseguem vencer a barreira do anonimato e chegar aos galarins
da fama é ter que suportar os caçadores de autógrafos.
São uma praga... Chegam a constituir um verdadeiro martírio
para o grande homem - ou a grande mulher - que deseja preservar um pouco sua
privacidade e não gosta de ser reconhecido em público.
Marie Curie (1867–1934), a famosa cientista
polonesa que, juntamente com seu marido Pierre Curie, descobriu a
radioatividade, detestava os caçadores de autógrafos. Chegava a ser
"inimiga íntima" de tal espécie de gente.
Pois um desses colecionadores queria a todo
custo ter uma assinatura dela. E imaginou um meio que julgou infalível.
Escreveu a ela uma carta, dizendo que
acompanhava com interesse suas atividades científicas, que era grande admirador
dela, e que tomava a liberdade de encaminhar uma modesta contribuição para
ajudar suas pesquisas, etc. etc.
A carta ia acompanhada de um cheque nominal
de um valor que, sem ser muito alto, não era desprezível... Evidentemente,
Madame Curie endossaria o cheque e o descontaria. E o emitente do cheque o
recuperaria depois no banco, guardando o cobiçado autógrafo.
Entretanto, Madame Curie não caiu na
armadilha. Na semana seguinte, o caçador de autógrafos recebeu uma carta muito
amável, assinada pela secretária da cientista. Explicava inicialmente que
Madame Curie havia recebido a carta, que ficara muito sensibilizada pela
generosa oferta, que mandava agradecer penhoradamente, etc. etc.
Depois, em post-scriptum, informava que Madame Curie não iria descontar o
cheque, porque era colecionadora de autógrafos e não queria perder a
oportunidade de conservar aquele autógrafo de um seu admirador tão simpático e
generoso.
O tiro saiu pela culatra, pois...
Já idoso, São João Bosco fez uma viagem à
França, e foi recebido com indescritível entusiasmo pelos parisienses. Sua fama
era muito grande em toda a Europa, de modo que centenas de pessoas acorreram à
casa em que ele estava hospedado, e não queriam deixá–lo em paz enquanto não
obtivessem uma lembrança ou uma relíquia dele.
Não era possível atender a todos, obviamente.
Depois de uma longa espera na fila, afinal
chegou a vez de uma idosa marquesa, muito conhecida por sua imensa fortuna e
por sua ainda maior caridade.
Sentando-se diante de São João Bosco, ela
afirmou peremptória:
- Dom Bosco, daqui não saio enquanto o Sr.
não me entregar um autógrafo seu, como lembrança.
- Não seja por isso, Senhora Marquesa!
E, tomando uma folha de papel, o santo
escreveu:
"Recebi da Sra. Marquesa Dona Fulana de
Tal a quantia de mil francos como donativo para as obras de caridade da
Arquidiocese de Paris". E assinou.
Quando a marquesa recebeu o autógrafo,
sorriu, abriu a bolsa e entregou os mil francos...
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