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quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

“Mudaram os Natais ou mudei eu?”


Ivana Maria França de Negri - Cadeira n° 33
Patrono: Fernando Ferraz de Arruda


            Natal virou sinônimo de se empanturrar de comida, de beber além da conta e de consumir, consumir e consumir!
            Onde perdeu-se a essência do início? Onde ficou a magia da estrela, o deslumbramento com o presépio vivo, o Menino Sagrado, os reis do Oriente, a mensagem cristã?
Machado de Assis, numa de suas inspiradas elucubrações poéticas, criou a questão que empresta o titulo a minha crônica.
Muito se tem discutido sobre as mudanças que se operam com o passar dos anos. O Natal da infância é encantado, como encantados são todos os dias da aurora da nossa vida. O gosto das frutas colhidas no pé, o aroma dos bolos fofinhos da vovó, as histórias de bruxas e fadas das titias e madrinhas, o vai-e-vem na cozinha, o pinheiro feito de um galho de árvore e as cartinhas escritas com a ajuda  dos mais velhos, tudo tão maravilhoso...
Como era bom deixar a fantasia aflorar, e ver com olhos infantis toda a mágica atmosfera do Natal e enxergar as pessoas em sua essência e não pela sua posição social, pelo cargo que ocupam ou pelas cifras em suas contas bancárias.
Criança vibra com as novas descobertas, maravilha-se com as pequenas coisas e vive em estado permanente de encantamento. É o Natal inocente dos pequeninos, que esperam os presentes que o bom velhinho vai lhes trazer como prêmio pelo bom comportamento. Também tem a aura de sacralidade que envolve o presépio, o bebê rosado e sorridente entre os animaizinhos ao redor da manjedoura e os misteriosos reis magos com seus presentes esquisitos.
A gente cresce e o encanto se quebra, os sonhos viram pó, os problemas e as preocupações tomam conta da nossa vida, que perde a poesia. Entramos numa roda viva e não sabemos mais sair dela. Não se encontra mais a porta de saída. E chegam as neuroses, o esgotamento, o desânimo, a depressão, as doenças misteriosas que ninguém sabe como aparecem e muito menos o medicamento milagroso que vai curá-las. Mudaram os Natais? Ou mudamos nós?
É, meu caro Machado, certamente todos nós mudamos com o passar dos anos. Mas a celebração do Natal também vai ficando diferente ano a ano. Se nada é estático e tudo está em constante transformação, por que não mudaria o Natal?

 Alguns chamam a isso de progresso, outros de evolução. Só não sei precisar se as mudanças são para melhor ou para pior...

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