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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A BUSCA DA CIDADANIA PERDIDA

Carlos Morais Júnior Cadeira n° 18
Patrona: Madalena Salatti de Almeida

Devíamos avermelhar a cara quando nos lembramos que os períodos de seca representam, para os brasileiros, uma vergonha inquestionável. O Nordeste completou tempos atrás duzentos anos de martírio! O pior é que neste tempo,  pouco ou quase nada se fez pelo sertanejo, que é o maior prejudicado, a maior vítima da estiagem. Os políticos prometem açudes, poços e irrigação, mas os anos passam e o sertanejo continua comprando água dos poderosos, que investiram e criaram a indústria da seca. Por causa desse estado de coisas não se vislumbra nenhuma melhoria para o agricultor que morre e pena nas sítios do interior, que não tem nada mais a fazer do que alimentar sua família com cardo, calango e água suja, que divide com o gado.
Ao contrário do sertanejo, na contramão do problema, os apaniguados  dos coronéis e dos políticos têm em suas fazendas água farta e irrigação, e a mais alta tecnologia, e como se pode imaginar, nem sentem as agruras da seca, pois é para estes que é reservado o dinheiro que se aplica em seca no Nordeste. Haja vista a prosperidade sem par dos grandes produtores de frutas, como a uva e o figo, ou outras mais delicadas, como o pêssego e o morango. Estes aparecem semanalmente nos programas da Globo, exportam para o mundo inteiro e são os verdadeiros representantes da agricultura, desde o Vale do São Francisco, até os confins do Maranhão! O resto é o resto! Mula! Mão-de-obra escrava! Estes são estes, o resto é brasileiro no duro! Ah! Como diria o genial e injustiçado Euclides da Cunha:  “O sertanejo é antes de tudo um forte”!
Ou, como diria o Boris Casoy,  “isto é uma vergonha”! Mas, apesar de ser uma vergonha, o sofrimento do sertanejo é motivo de glória para os governantes e políticos, que usam a seca como plataforma e sempre se elegem! E nós, cidadãos, que não podemos nos envolver diretamente, quedamo-nos a olhar diariamente, até vomitar as tripas, a vergonha que grassa nesse país, em forma de corrupção, maracutaias e marajaladas de toda sorte a esperar alguma solução. Mas acho que já está na hora do povo parar com esse negócio de ficar esperando tudo cair do céu!. É hora da sociedade se organizar, não para procurar chifre na cabeça de cavalo, em protestos de alguma greve tonta, ou de alguma passeata de cunho político para ser massa de manobra de espertalhões; mas, para buscar a cidadania que está faltando neste país.
Vamos nos organizar e ajudar aqueles que estão em desespero, vamos nos organizar e proporcionar ao próximo um pouco de conforto e de alegria. Não deve ser somente nos momentos de anomia e de convulsão social, de catástrofes e de calamidade pública, que o povo tem que mostrar a sua solidariedade e ver que existe aquele que precisa de ajuda; mas sim, no dia a dia, no nosso trabalho, na vizinhança, na fábrica.

Se o povo se organizar diminui a violência, melhora a escola, a saúde volta ao rumo certo, porque, organizado, o povo terá forças para lutar pelos seus direitos e para cobrar dos governantes uma solução. A Internet e as redes sociais estão aí, à disposição, não para promover bate-papo aleatório, mas para solidificar cidadania. E os jovens que transitam pela rede devem olhar para essa utilidade que está ao alcance de seus dedos. Basta colocar a cabeça para funcionar e ter um pouco de boa vontade. Afinal, é preciso resgatar a cidadania perdida, e ir à luta, sem esperar que soluções mágicas apareçam do nada para nos deslumbrar. Afinal, os governantes somente irão trazer melhorias para o seu bairro, ou para a sua rua, se eles souberem que o seu bairro e a sua rua existem!

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