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sexta-feira, 20 de junho de 2014

CARTA DE AMOR

Elda Nympha Cobra Silveira
Cadeira n° 21 - Patrono: José Ferraz de Almeida Junior  

Querido, Armando.

Se você me escrevesse, pelo menos uma vez, para saber se eu tenho algum significado em sua vida, eu compreenderia. Espero o carteiro todos os dias na porta da casa onde estou hospedada. Fico observando o jardim cheio de flores e uma trepadeira azul salpicada de branco, que serpenteia pelas paredes de pedra, em direção a janela do meu quarto fazendo a saudade apertar. Nos meus pensamentos, nas minhas fantasias, imagino que você enfrentaria tudo e a todos e ardendo de paixão por mim, seria essa trepadeira se esgueirando furtivamente até a minha janela na ânsia de me tomar em seus braços. Na minha saudade, fico imaginando como seria estar junto de você, ouvindo suas juras de amor e usufruindo dos seus carinhos.
Detenho meu olhar nas flores do jardim e o amor-perfeito se destaca dentre todas. Será que o amor perfeito é aquele que dá sem receber nada em troca? Será amor perfeito, amar em vão, sem reciprocidade entre nós? Será perfeito esse amor, eu sempre enviar uma carta e nunca receber uma resposta sua? 
Já que é assim, deixe que eu pare de sofrer e coloque um basta nesse círculo vicioso que tanto me atormenta, deixe que eu tente esquecê-lo, deixe que essa carta seja a última que você receberá! Sei que não posso protelar por mais tempo essa ansiedade, pois sei que depende de mim encarar a realidade e não trocá-la por uma fantasia. Sei que tenho potencial e qualidades para despertar o amor de alguém que me mereça e me valorize.
Seja feliz, porque eu farei todo o possível para encontrar a minha felicidade!
Obrigada.
Rebecca

Assim, fechou a carta e foi esperar o carteiro, que após alguns minutos, abriu o portãozinho e adentrou o jardim, atravessando o caminho gramado e sobreposto de lajotas, para depositar nas mãos dela uma carta, onde Rebecca, ansiosa, vê que o nome do remetente é Armando...
                                                           

... e a derradeira carta, a carta de ruptura, que Rebecca escrevera com o coração machucado, jaz numa gaveta escura! 

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