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domingo, 2 de novembro de 2014

O PRANTO

    


Verter pranto abundante, às vezes, que vergonha!
Mas as lágrimas sendo a linguagem da dor
Nada as detem; e é em vão, é inútil se lhes oponha
A força de um abafo enorme, sofredor.

Jorram. Serão talvez, uma ilusão tristonha
De um coração ferido aos pés de um findo amor.
Serão adeus, talvez; serão de alma que sonha
Os castelos de sol desfeitos com fragor. . .

Por que ter pejo quando a noite também chora,
Se o orvalho em pranto cai das pupilas da aurora,
Se as estrelas também são lágrimas de luz?!

Oh ! como é bom chorar esse pranto que é esmola,
Que desafoga o peito, e reanima, e consola,
E que apenas num gesto a alma inteira traduz!

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