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terça-feira, 11 de agosto de 2015

A figura paterna

 Acadêmica Myria Machado Botelho
Cadeira n° 24 - Patrona: Maria Cecília Machado Bonachella

            A presença do pai, no seio da família representa a unidade e a estrutura, fatores tão necessários ao desenvolvimento harmonioso dos filhos.
A crise que se abate sobre a família, em virtude de grandes transformações sociais, afetou grandemente este alicerce. A figura paterna, grande fator de agregação, precisa impor-se novamente garantindo aos filhos o amor, a disciplina, o respeito e a autoridade. Sobretudo o exemplo de uma boa conduta, muito mais convincente do que  a palavra  e o aconselhamento.
A estabilidade familiar está exigindo, com urgência, uma revisão de conceitos, ao lado de uma transformação de atitudes no relacionamento entre pais e filhos. O excesso de liberdade, uma característica da (des) educação moderna está fulminando os principais fundamentos da verdadeira formação.
O desenvolvimento de uma criança deve trazer embutido a função socializante de lhe dar noções do certo e do errado, a observância dos limites do que  pode e não fazer, ao lado da presença efetiva e qualitativa dos pais nos momentos necessários.Uma soma de responsabilidades que não pode ser excluída da missão do verdadeiro pai. Segurança, autenticidade, formação e caráter não se adquirem da noite para o dia; agrados e compensações com presentes materiais apenas, jamais substituem a presença necessária de um pai amigo.
A ausência de hoje será fatalmente o problema grave de amanhã, que deriva nos males comuns de nossa época: alienação, depressão, condicionamento virtual, desregramentos, prostituição e drogas.
Educar sempre foi e será a tarefa mais difícil de pais e responsáveis. Neste terceiro milênio dos avanços inacreditáveis e massificadores da tecnologia e da cibernética, esqueceu-se de aparelhar o ser humano em sua estrutura interior, para bem conviver com essa formidável potência que também pode aniquilar e destruir.
Os sentimentos humanos e próximos, a espiritualidade e o conhecimento de Deus, opostos ao egoísmo e ao comodismo, junto de uma valorização maior e um retorno a muitas práticas antigas, eficazes e não retrógradas, válidas na essência em qualquer época ou circunstância, poderão ser a garantia de um projeto de amor e fraternidade a refletir-se sobre as novas gerações, carentes e frágeis emocional e espiritualmente, em face das violentas transformações.
Aqueles que já perderam seus pais, especialmente os das gerações mais antigas sentem-se invadidos pela saudade de algo que já passou de forma irremediável e deveria ser restituído. As condições materiais e os recursos de que dispomos hoje não podem ser comparados com a vida de antes quando as dificuldades eram comuns a quase todos. Por certo, no enfrentamento destas dificuldades, resultavam têmperas mais fortes e capazes que definiam os ajustamentos e valorizavam muito mais as conquistas e os desafios. A cultura excessiva do bem estar e das facilidades extremas pode enfraquecer e até anular uma personalidade, incapacitando-a para a luta e a competividade. O que se consegue “de mão beijada’ e sem esforço não é devidamente valorizado, favorecendo o egoísmo de quem o recebe, invertendo as posições ao ponto de entender que tudo lhe é devido.
O modelo do pai de família- símbolo da segurança, do exemplo a ser imitado, do respeito e da proteção- esgarçou-se nas sociedades ocidentais, substituído por um clima anêmico, de grande fragilidade espiritual e moral. As drogas, especialmente o álcool, os desvios comportamentais, a falta de objetivos e de ideais, indicam uma crise difusa e profunda, relacionada, em parte com a figura paterna. Do pai, afetivamente distante e ausente da família, seja pela separação do casal, seja pelo trabalho excessivo ou pelo desemprego, seja pelo despreparo e ausência de vocação, ou por imaturidade, o fato é que essa abdicação paterna vem influindo negativamente sobre o desenvolvimento harmonioso dos filhos, gerando problemas de grandes proporções, de conflitos interiores que se manifestam em gestos extremos de violência contra si próprios e contra os outros.
Salvo exceções, a maioria dos filhos de hoje se ressente dessa ausência de educação, de formação e de assistência, de exemplos a serem  imitados.  Entregues a si próprios e a um isolamento perigoso e indisciplinado quanto aos deveres e às obrigações e até `as modalidades do lazer saudável e necessário ao desenvolvimento  físico e mental, o número de desajustados  se  acentua,  e já se tornou uma problemática  dos tempos modernos.

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