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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Aquele Menino..

 Acadêmica Myria Machado Botelho
Cadeira n° 24 - Patrona: Maria Cecília Machado Bonachella

Aquele Menino atravessa uma História de dois mil anos, conhecida pelo mundo inteiro...  E por ser a história mais bela, incomparável e real, gostamos de lembrá-la e repeti-la, especialmente nesse tempo em que os corações parecem revestir-se de mais suavidade, aquela que caracterizou a mais doce e luminosa das noites...
Aquele menino nasceu em Belém, pequena cidade da Judéia, ao tempo de um recenseamento obrigatório  em Jerusalém ...  Maria e José ali estavam, afim de cumprir a lei, porém  chegara o momento do parto e era preciso encontrar um lugar que os acolhesse...  Baldados todos os esforços, pois as hospedarias lotadas obrigaram-nos a buscar o abrigo numa estrebaria.  “Veio para o que era seu e os seus não O acolheram”...  Seu primeiro leito, um cocho, uma manjedoura onde comiam os animais...  Na noite fria, a respiração de um boi e de um jumento aqueceu-os na pobreza, no despojamento completo em que deveria vir ao mundo um Rei!...  Mas por quê tal opção?  Ele poderia ter escolhido um palácio, um berço de ouro, um séqüito a esperá-Lo, todas as glórias e as honrarias do mundo, indispensáveis aos poderosos...  Não! tudo devia acontecer assim, na simplicidade, como  resposta plena e indistinta para todos.  Pobres e ricos  deveriam acolher essa História, arquitetada por um Deus que enviava Seu Filho único ao mundo como um presente, o maior e o mais precioso! um presente do Amor que não tem invólucros e deve ser descoberto, inocente, incontaminado, reluzente!
            Quanta grandeza nesse despojamento! Um sinal de transformação!... Por toda a Galiléia, nas doces e luminosas margens do Tiberíades, pelos campos e  aldeias onde moravam os pequeninos... pelas cidades mais ricas e fortificadas, das muralhas, das torres e dos aquedutos; entre os bálsamos, os sicômoros, as anêmonas, os tamarindos e as amendoeiras em flor, os olivais e  os vinhedos a beira das fontes e dos vergéis , onde vinham cantar os pássaros...  em tudo havia um ar de esperança e de alegria, delicioso como o orvalho nos meses em que também cantam as cigarras anunciadoras!
            Nos corações dos simples pulsava um ardor inexplicável e o trabalho lhes parecia mais leve e mais fácil, a vida adquiria contornos tão belos que os pastorinhos, avisados do grande acontecimento pelos anjos, dançavam tocando suas flautas que ecoavam pelas quebradas dos montes, e apressados, repicavam o andar compassado de seus rebanhos...  Os velhos, sentados nos bancos de pedra às portas das choupanas, olhavam muito longe espreitando os caminhos, porque o coração, fiel e intuitivo, anunciava o novo...
              Então chegou a noite, maravilhosa e silente, da mais doce e terna reflexão...  O céu  recamado de estrelas brilhantes e incomparáveis era um luzeiro resplandecente! Nos caminhos, nos prados e nas montanhas, nas florestas dos aloendros e dos palmares a estrela maior, de brilho intenso, indicava o  caminho de uma gruta onde se abrigava toda a riqueza do céu e da terra unidos numa santa aliança...
              Aquele Menino trazia uma promessa que deveria desencadear toda uma revolução!...  Portador da Vida, Ele trazia a consolação e a salvação, anunciada pelo profeta milhares de anos antes; Ele trazia um novo envolvimento com Deus –Pai Criador que ensinava uma filiação mais terna, uma  fraternidade, antes desconhecida.  Éramos seus irmãos, e irmãos de nossos semelhantes. Deus feito carne estabelecia novos vínculos. Ele devia crescer e viver entre os homens, e operar maravilhas e milagres, e curar os doentes e ressuscitar os mortos, e trazer a esperança aos tristes...e restituir a muitos o verdadeiro sentido da vida...
            Quanto tempo levam os homens para enxergar, para descobrir toda essa imensa beleza!  E muitos nem chegam a descobri- la, envolvidos pelas confusões do mundo!
             Aquele Menino do presépio é o príncipe da paz e da doçura, da força e do amor, é aquele que vai dizer mais tarde:  “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração, e achareis a paz que vosso coração tanto procura”(Mt 11, 29).
            Na estrada escura e sem saída do sofrimento, ao experimentarmos a mais lancinante de todas as dores, semelhante àquela experimentada por Maria ao receber nos braços Seu filho descido da Cruz... ante o peso enorme  que  parece o maior e  o mais insuportável  de carregar,  Ele se aproxima devagar... a princípio,  quando já experimentamos a frouxidão e o completo desalento...  Quase O sentimos, a mão apoiada em nossos ombros caídos, enxugando as lágrimas copiosas, e transformando-as em pérolas de oferendas...  Então, o vemos muito perto... Maravilhosa e doce presença, falando suavemente, ensinando a milenar lição contida no seu eterno e incandescente Verbo.   A Sua palavra de esperança e de amor, atravessando os tempos, a cada dia, a cada momento, mais renovadora,  mais atual e mais real!
"JESUS!  Permanece conosco!  São tantos os que Te  buscam e Te procuram! E necessitam de Tua misericórdia!  A noite dos tempos não tarda e o dia já declina...  Mas é  belo o alvorecer, coroado da mais enternecedora de todas as presenças!... "    




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