Páginas

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

ALVORECER NO SERTÃO




Antonio Carlos Fusatto

Madrugada fria e nevoeiro
algumas estrelas insistem a brilhar.
Galo canta no poleiro preludindo:
nova aurora vai chegar!

            Inhambu pia na tiguera,
            juriti arrulha no cafezal.
            Sabiá no vergel, anuncia a primavera,
            porcos do mato, atacam o milharal.

Da casinha de barrote ao pé da serra,
cercada de flores e coberta de sapé.
Fumaça branca voluteia,
exalando pelo vale, doce aroma de café.

            Da cumeeira da tulha abarrotada,
            casal de corruíra a chamar.
            Anunciando à filhotada,
            comida farta, acaba de chegar.

Como é linda a florada
da poda em bisél, dos cafezais.
Avinhados e azulões, trilando na mata,
sinfonia de chupins nos arrozais.

                Ouvi histórias assustadoras,
               que o caboclo inventa e gosta de contar.
               Encenando pra tornarem mais aterradoras,
              quanta crendice no jeito de narrar.

Histórias avançam madrugada afora,
caboclo acolhedor, não se cansa de falar.
Pescarias, caçadas, mãe-d’água, caipora,...
entre um café e baforadas, até o clarear!...

Nenhum comentário:

Postar um comentário