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segunda-feira, 23 de outubro de 2017

ESPANTALHO*



Carla Ceres

De palha ressecada é meu destino,
Pois somos o que dentro carregamos.
Que importa se, em meus sonhos, imagino
Brotar e florescer em verdes ramos?

As brisas deste azul tão cristalino
E os sóis impiedosos são meus amos.
Meus gestos junto ao vento repentino
São asas assustadas que espantamos.

Sozinho, sou espanto preso a estacas,
Andrajos que afugentam asas fracas,
Faminta revoada ano após ano.

Tremendos os temores que hoje espalho,
Que chego a ser o meu próprio espantalho,
Temendo meu destino em palha e pano.

* Poesia premiada em segundo lugar no XX Prêmio Cidadão de Poesia de Limeira

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