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segunda-feira, 27 de novembro de 2017

FELICIDADE


Elda Nympha Cobra Silveira   

Tijolo por tijolo
Ergui minha casinha amarela.
Antes era de pau a pique,
Cobertinha de sapé.
Na batida do monjolo se ouvia
A palavra:  Fe-li- ci-da-de.

Deste mundo tinha tudo.
Abraçado com a Rosinha.
Ela e a casa eram os bens que eu tinha.

O cheiro de café da manhã,
Exalava pela janela.
E...eu olhava Rosinha e via:
Como era bela!
Amamentando nosso filho,
 Parecia a figura da folhinha:

A Mãe de Jesus e ela.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Relembrando Gerações Passadas


                                               Leda Coletti

Antigamente as pessoas manifestavam seu afeto não por toques físicos de carinho, mas sim por gestos e palavras, as quais só num futuro distante (agora presente) pudemos entender e valorizar. Daí virou passado, mas não importa, a lembrança ficou presente e passou a ser entendida como dádiva preciosa. Tomo como ponto de referência, meus avós maternos, para nós os “nonos italianos”. Eles não tinham o costume de expressar seus sentimentos, beijando ou abraçando os netos, mas o sorriso com que nos recebiam quando osculando uma de suas mãos pedíamos-lhes a benção, eram sinais de manifestação que nos amavam muito; também a suculenta sopa ou macarronada com o macarrão feito em casa como apreciávamos, sempre a nos brindar nas visitas.
Já o avô paterno que parecia avesso às carícias e abraços não chegava sem o pacote de balas quando nos visitava. Fazia-me sentir importante ao me chamar para uma “partidinha” de baralho. Geralmente ele ganhava e arrematava o jogo com uma risada gostosa, dizendo para me arreliar: “você não serve pra jogar estas cartas: é menina dos livros”. Isso, porque percebia que eu estava sempre a ler histórias de autores infantis. Isso me envaidecia.
Até as designações: ” como você está  bonita e gordinha ”,  ( ainda não usavam o sinônimo “fofinha”), que as tias e amigas dos familiares usavam, eram ditas para agradar. Bem diferentes das atuais, onde os pais são mais abertos e espontâneos com filhos e netos. São louváveis esses comportamentos, como também os do passado, embora estes últimos, sendo tímidos e sem toques físicos. Na ocasião nem percebíamos serem provas do quanto nos estimavam. Só agora, quando todos se foram no quase inverno  é que os reconhecemos como carinhos, amor...

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Walking Dead – de um novo conceito nas cidades


Carmen Pilotto

A semiótica da urbanidade
Escorre de prédios cinza
Em concreto e ferragens expostas
Como espectro de carcaças arquitetônicas

Carne e sangue não cabem nas ruas
Exilaram-se em pequenos flats
Onde vozes forçosamente aquietadas
Esquecem de produzir os seus vocábulos

Olhos vítreos da dislexia contemporânea
Fitam quinas dos quadrados empilhados
Pasmos em outras tecnologias variadas
Consomem qualquer idealismo ou sonho

Andróides de um padrão linear previsível
Compõem-se em conglomerados estereotipados
Dos que não se desviam da atividade fim
Que direciona o humano a sua cova rasa!

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Segunda edição da Flipira nos jornais


Flipira
Prefeitura de Piracicaba
Gazeta de Piracicaba



Jornal de Piracicaba


Tribuna de Piracicaba

Prosa e Verso TRIBUNA PIRACICABANA

Tribuna Piracicabana
Gazeta de Piracicaba
Jornal Linguagem Viva
FLIPIRA na Prosa&Verso - TRIBUNA PIRACICABANA

Gazeta- coluna da Sabrina Scarpare
Linguagem Viva
FLIPIRA na Prosa&Verso - TRIBUNA

sábado, 4 de novembro de 2017

Gramaticídio *


Ivana Maria França de Negri

            De quando em quando aparecem palavras não usuais que caem no gosto popular  e viram modismo. E são pronunciadas em todas as bocas, nas rodas de conversas, grupos, mídias e redes sociais, que acham o máximo usar esses neologismos.
 Algumas dessas palavras até constam nos dicionários, mas outras, sequer figuram neles. Muitas, já quase mortas, renascem com sentido diferente de seu significado original.
            Pois bem, a bola da vez agora é a palavra “desconstruir”. No Aurélio: causar destruição, desfazer, destruir, desfazer para voltar a construir. 
Eu, particularmente, acho horrível desconstruir alguma coisa. Construir sempre! A não ser que seja algo muito maléfico que deva ser extirpado pela raiz.
Assisti a uma entrevista na TV apresentando uma pseudo poeta que dizia que era preciso desconstruir a poesia clássica e todo seu aparato de regras, composições, rimas e formas fixas para dar espaço à poesia de rua, do povo, de versos sem compromisso algum com métricas e rimas. E a apresentadora aplaudia e vibrava!
Talvez elas não saibam, mas a poesia de versos livres, que não precisa seguir padrões, sempre existiu, assim como os poemas de forma fixa, com todas as suas rígidas normas. Não é preciso desconstruir um para exaltar o outro.
 E eu fiquei pensando com meus botões... Como “desconstruir” a maravilha que é um soneto? Ou uma trova bem feita, um rondó, uma balada de métrica perfeita? E as rimas ricas? Que orgulho quando conseguimos encaixar várias delas num mesmo poema! Se essa “desconstrução” ocorresse, como sugeriu a moça, seria uma tragédia, mais uma chacina nas artes.
Outra palavra pouco simpática que vemos em todas as mídias e utilizada erroneamente é “empoderamento”. Em certos contextos deveria ser substituída por emancipação, autonomia, pois poder, nos dicionários, é literalmente a faculdade de exercer a autoridade ou a posse de domínio, influência, através da força ou dinheiro. A sociologia define poder como a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo que eles resistam. Estão vendendo a ilusão de que todos devem “empoderar-se”, ganhar poder, e subentendido, subjugar outras pessoas.
O termo “feminicídio” também está sendo largamente empregado quando uma mulher é assassinada. Homicídio significa matar um ser humano, o Homo Sapiens. Mas desde que a presidenta (?) não querendo usar um termo que  achou machista,  inventou a pérola “Mulher Sapiens”, esses neologismos começaram a ser disseminados.
Nos discursos em solenidades de eventos culturais e sociais, a redundância  “boa noite a todos e a todas”, virou febre. Estão confundindo gênero gramatical com gênero sexual! Todos é um pronome indefinido genérico.
Concluímos que o que está ocorrendo, não é apenas o mau emprego  de neologismos e sim o gramaticídio, que nada mais é do que o assassinato da gramática da nossa última flor do Lácio,  inculta e bela...

*Texto publicado na Gazeta de Piracicaba

Comentário da escritora Myria Botelho na Gazeta de Piracicaba

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

FLIPIRA 2017

Fotos: João Carlos Nascimento e Ivana Negri