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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Acadêmico Gustavo Alvim no Recanto dos Livros

O Recanto dos Livros do “Lar dos Velhinhos de Piracicaba” retomou  seus encontros mensais com personalidades ligadas ao campo da cultura em Piracicaba. O convidado desta vez foi o prof. Gustavo Jacques Dias Alvim.
Alvim é piracicabano adotivo, nascido na cidade de Vera Cruz, mas cuja trajetória profissional consolidou-se em Piracicaba onde foi membro da equipe diretiva das indústrias Dedini, vereador, presidente do XV de Novembro e reitor da Universidade Metodista de Piracicaba. 
Membro atuante de clubes de serviço, do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba (do qual é orador), preside a Academia Piracicabana de Letras e mantém vínculo com atividades culturais na cidade há muitos anos.
Para o coordenador do Recanto dos Livros, João Nassif, “a partir deste ano entregaremos aos palestrantes e amigos do Recanto um diploma de gratidão, especialmente confeccionado e com o aval do nosso presidente do Lar dos Velhinhos, Jairo Matos. Mais do que um gesto simbólico de gratidão aos que colaborarem conosco nestas Retrospectivas, será um estimulo a participação das várias gerações de intelectuais da nossa cidade para que ajudem a divulgar o espaço Recanto dos Livros, tragam os seus amigos e, especialmente, conheçam um pouco do nosso acervo, hoje superior a 15 mil livros, cuja venda tem possibilitado ajuda constante para as necessidades diárias e obras do Lar dos Velhinhos”.

(Fotos Nascimento)


João Nassif, organizador dos encontros, entregando o diploma de participação para Gustavo Alvim


sábado, 17 de fevereiro de 2018

Quietude


Sílvia Regina de Oliveira
Cadeira no 22 - Patrono Erotides de Campos


Vim percorrendo caminhos molhados,
Todos os lados, com os passos lentos.
Quieta aventura, atmosfera leve
Tal qual a neve a clarear momentos.

Por entre nuvens surge o sol de inverno,
Silêncio terno vai nascendo em mim.
Sob a ponte passam as águas densas,
Dores imensas levadas assim.

Caminhos tantos eu vim percorrendo,
Me apercebendo de toda grandeza
Nos lugares vários, também na alma,
Em doce calma e singular beleza.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

250 anos de Caipiracicabanidade *



Ivana Maria França de Negri

Mais um livro do Cecílio Elias Netto que chega de presente ao povo piracicabano  pelos 250 anos da cidade. Mais uma pérola para o colar refulgente de histórias para adornar a Noiva da Colina.
Em seu breve discurso, no lançamento para a imprensa, Cecílio diz que não concorda com a assertiva atribuída a Thomas Edson de que a genialidade é 90% transpiração e apenas 10% inspiração. Eu também sempre discordei. Acredito que 90% é mesmo inspiração, pois ela grita, lateja e esperneia dentro da gente querendo libertar-se, e quando livre, nascem as obras mais sublimes e encantadoras.
Penso que seja um sopro divino, ou dos anjos, ou de espíritos iluminados  que habitam outra dimensão, mas nos sussurram diretamente à alma. E essa inspiração chega a qualquer momento, sem pedir licença, de dia, de noite, durante afazeres diários, numa missa, num concerto, numa viagem, até dormindo elas conseguem nos arrebatar em sonhos.
Nenhuma obra nasce se não for do Amor. E esse amor desvairado, Cecílio tem pela terra em que nasceu.
No princípio era só o rio, suas águas e peixes e as matas virgens. E vieram os índios e depois o homem branco. E a história foi se formando, se entrelaçando. Tantos heróis, valentes guerreiros, tantos humildes e trabalhadores, tantos visionários, tantas mulheres batalhadoras, tantos pacifistas, tantos empreendedores, cada qual com sua luta, com seu labor, deixando legados preciosos para a descendência. E tudo isso Cecílio vem resgatando, a História viva, pulsante, muitas vezes escrita com lágrimas, suor e sangue.
O bichinho do piracicabanismo o mordeu desde tenra idade, talvez, desde o nascimento, quando aqui enterraram seu umbigo. Esse bichinho costuma cravar os dentes nos artistas da terrinha,  que sempre louvam a cidade e seus encantos, em músicas, poesias, prosas, pinturas, esculturas,  teatro, em todas as artes.
Cecílio, um eterno apaixonado pela história, pelas lendas e crendices da sua Piracicaba, pelo povo de todas as épocas, pelos ipês brancos, amarelos e rosas explodindo em flores, pelo rio caudaloso e barrento e seus peixes saltando na piracema, pelo verde dos canaviais, até a gastronomia entra em sua paixão, o cuscuz suculento, a pamonha quentinha e tantas outras delícias. Sem falar no sotaque caipiracicabano que ele exalta em seu antológico “Arco, tarco e verva”.
E foram surgindo as pérolas: “Piracicaba que amamos tanto”, “Um rio que passou em minha vida”, “ A Doçura da Cana”, “A Florença Brasileira”,  e tantos outros nesta longa estrada. Caminha nela como a Doroty do Mágico de Oz, seguindo a trilha de sonhos dos ladrilhos dourados.
Enquanto um escritor gesta seu livro, num estado de torpor e introspecção, é só dele, aninhado em sua mente como num útero quentinho. É só amor. Desses amores que arrebatam e deixam em êxtase. Mas depois de impresso, passa a ter asas e voa.
E já não é mais seu, é do mundo inteiro!

* Texto publicado na GAZETA de PIRACICABA - 28/01/2018