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quinta-feira, 12 de abril de 2018

A dança das estrelas



Ivana Maria França de Negri

            Observar os corpos celestes, em seu bailado no céu, desde tempos remotos, sempre foi algo que despertou curiosidade e encantamento.
            Estudar a formação dos astros, sua evolução, seus movimentos, é apaixonante, pois parecem flutuar no espaço,  presos por fios invisíveis.
            Antigamente, sem celulares, tablets, computadores, e outros dispositivos que tomam todo o tempo das pessoas, era muito comum elas olharem para o céu, a fim de observar a dança dos astros, o pôr do sol, as várias fases da lua. Hoje, pouca gente tira os olhos do celular e eleva o olhar para observá-los. Será que o Universo perdeu a magia? O recém falecido astrofísico e estudioso do Cosmos, Stephen Hawking, dedicou sua vida a explicar o Universo. Deixou um legado riquíssimo para a humanidade e um best seller: “Uma Breve História do Tempo”.
            Dia destes, estive no SESC com minha neta Ana Clara, para uma aula introdutória do Projeto Astronomia Cidadã, com o astrônomo Warner Berenger, do Observatório Astronômico de Piracicaba. Um evento totalmente gratuito e aberto à população. Mas poucas pessoas compareceram. Se fosse um show de algum funkeiro, certamente iria lotar. Isso mostra qual tipo de cultura interessa aos jovens atualmente.
            As mídias dão espaço imenso para a cultura de massas, mas quando é algo cultural de verdade, só uma notinha num canto. Isso, se sobrar espaço.
            A Cosmologia,  estudo da formação das galáxias, é fascinante! Vejo tanta gente se achando o centro do Universo, mas se estudassem um pouquinho de astronomia, chegariam à conclusão de que somos um nada, um grãozinho ínfimo de poeirinha cósmica diante da imensurável amplidão do Universo. O estudo é tão arrebatador, que não podemos ter a arrogância de imaginar que só neste planetinha exista vida.
            Aprendendo um pouco sobre o Universo, não temos como negar a existência de uma mente superior, uma energia inimaginável e poderosa que criou tudo.
            O brilho de uma estrela que avistamos no céu, até chegar a nós, leva anos-luz. E essa estrela pode nem existir mais, pois sua luz, dependendo da distância, até chegar à nossa visão, já pode ter-se apagado há séculos. Existem estrelas a milhões de anos-luz distantes da terra. E outras galáxias a bilhões de anos-luz... Dá para imaginar isso? 
            Como todos devem saber, ano-luz  é a distância que a luz percorre no vácuo no período de um ano. Até onde nossas descobertas nos permitem chegar, a velocidade da luz é a coisa mais rápida de que se tem notícia.
            O Sol está a oito minutos-luz da Terra e a Lua está apenas a um segundo-luz. Parece pouco, não é mesmo? Sabendo-se que a velocidade da luz é 300.000 km por segundo, é só fazer as contas! Um segundo-luz, dá 7 voltas e meia em torno da Terra!
            Até o conceito de tempo modifica-se em nossa cabeça.  A galáxia Herbble Deep-Field está a 10 bilhões de anos-luz da Terra. De suas 20 bilhões de estrelas, 90% já morreram, mas seu brilho continua a atravessar o espaço na velocidade da luz.
            Quem esteve no SESC, aprendeu muito, quem não foi, perdeu. Mas o Observatório Municipal abre aos sábados, e quando o céu está sem nuvens, pode-se observar as estrelas através de telescópios de grande precisão.
            Não deixem de levar as crianças. Certamente elas aprenderão muito, de uma maneira lúdica e divertida. Uma experiência que jamais esquecerão.

Texto publicado na GAZETA de PIRACICABA

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