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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Eu vejo Deus...



Eu vejo Deus...
Ivana Maria França de Negri

            Eu vejo Deus no sol alaranjado e abrasador que ilumina todas as manhãs, mesmo nas chuvosas, pois além das nuvens, sabemos que está lá, trazendo vida e luz a todos os seres vivos...
            Eu vejo Deus na Lua e em seu séquito de estrelas, com seu brilho secular que a todos encanta...
            Eu vejo Deus nas crianças com suas brincadeiras inocentes, tão felizes, um lampejo do futuro que está por vir...
            Eu vejo Deus nos idosos, mesmo com o olhar embaçado, o corpo cansado, mas com a alma ainda vívida, agradecendo cada dia que chega como um presente...
            Eu vejo Deus nas pessoas que eu amo, que fazem transbordar meu coração de ternura...
            Mas também vejo Deus nos meus inimigos, que me fazem sofrer, chorar, e por isso mesmo, me ajudam a crescer e a me tornar forte...
            Eu vejo Deus na Primavera florida, no perfume que as flores exalam, na beleza das cores e na perfeição de suas formas ...
            Eu vejo Deus no Verão ardente, na quentura do Sol que faz o prodígio da fotossíntese e da germinação das sementes...
            Eu vejo Deus no vento gelado do outono, que varre folhas e flores, mas prenuncia uma nova safra de frutos...
            Eu vejo Deus no rigoroso clima do Inverno, no vento cortante e nos  gélidos dias que nos parecem mais longos...
            Eu vejo Deus nos animais, seres tão semelhantes a nós em sua escalada evolutiva...         
            Eu vejo Deus na Natureza perfeita, nos rios, lagos, mares, planícies, vales e montanhas...
            Eu vejo Deus nos planetas distantes, em outras galáxias e em outros universos, e me sinto tão ínfima, mas tão gigante ao mesmo tempo...
            Vejo também muitos se proclamando ateus, mas usufruindo de todos esses milagres que acontecem todos os dias, sorvendo a vida, com todas as alegrias e dores que ela traz.  
            Só não vê Deus nas entrelinhas da vida quem permanece espiritualmente cego. Deus não é um personagem, um ser, é uma espécie de energia criativa que flui sutilmente em todas as coisas. Podemos sentir essa energia divina quando, na paz do silêncio,  fechamos os olhos carnais e abrimos os do espírito. Ele vibra dentro de nós com intensidade, uma enxurrada de amor.
            E volto a citar a fala perfeita do Pequeno Príncipe de Exupéry: “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível para os olhos”...

Texto publicado na Gazeta de Piracicaba 26/08/2018

Um comentário:

  1. Texto maravilhoso, Ivana! Quem vê Deus onde você vê, é sem dúvida uma alma cheia de amor para com tudo e com todos - sobretudo para com a Natureza. Uma alma como a sua, cheia de sensibilidade! Um forte abraço. MARISA BUELONI

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