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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Deserto Urbano Desterro cotidiano





Deserto Urbano
Desterro cotidiano
                                                                                            Carmen Pilotto
Refugiado: pessoa que foge em função
de um bem embasado medo de perseguição
                                                devido à raça,  religião, nacionalidade,                                 
pertencimento a um determinado
grupo social, ou opinião política”

Convenção de Genebra de 1951

O mundo perde vorazmente sua geografia
Prenunciando a altos brados o final dos tempos
Nas bombas que explodem em cada esquina...

Eu, refugiado, expatriado em meu próprio exílio
Ser ignóbil, sorrateiro viandante, caminhante a esmo
Na história sem espaço ou demarcação que me acolha
E na pele o sinal cabal da sentença que não oferece opções.

Depauperados e trôpegos passos fugindo da cidade sitiada
Puxo pelo surrado véu que define minhas convicções religiosas
E num rosto talhado e retalhado ausência de nuances de ternura
Escondido com minha sombra entre os idos escombros

Eu, ser não pertencente aos jardins que amorosamente cultivei
A busca de lugares que já não me trarão Paz
Na chegada a destinos de incertas e precárias biografias
Em companhia de povos que não me desejam como par

Barcos, cercas, abrigos, valas comuns e frias coberturas
São meu lar até que líderes se equacionem
E definam como ajustar seres não mais humanos
Resgatando suas almas da ruína da podridão humana

Eu, de coração carregado de uma melancolia inóspita
Vazando em duas salgadas lágrimas derradeiras
De um olhar que não terá mais visão de mundo....


...Síria...Somália...Nigéria...
... Sudão...Etiópia...
...Iraque...Congo...
...Afeganistão...
Venezuela...

domingo, 17 de fevereiro de 2019

DESCOBERTA...

Elda Nympha Cobra Silveira
Cadeira n° 21 - Patrono: José Ferraz de Almeida Junior  

Fui convidada a uma festa e
Estava desacompanhada, mas
Senti uma presença ao meu lado e
Fiquei desconfiada.

 Estava ao meu lado e...
Não se preocupava com nada
Só pensava em si,
O que falar, como aparecer
Como sobressair.
Ela...  estava empolgada!

Falava sem parar
Ofuscando tudo que eu dizia
E com passos imponentes ia
Cortando minha fala.

Percebi, então, ela era meu eu,
Ridícula e egocêntrica.
Que vergonha de mim!
Tudo porque não me sinto amada.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

CAMALEÃO



Ésio Antonio Pezzato

Sodoma e Gomorra
Estão dentro de mim
Como mulher fatal
Por isso me destruo
E me transformo
Numa estátua de sal.