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domingo, 26 de maio de 2019

Banalização fotográfica



Edson Rontani Junior 
Cadeira n° 18 - Patrono: Madalena Salatti de Almeida

Recentemente, numa sala de espera, uma pessoa manuseava seu smartphone fotografando algumas cenas que por nossa frente ocorriam. Na piscina de um clube, duas jovens abusaram dos selfies, de forma frenética, como se a câmara fosse um brinquedo de outrora.
O mercado lançou smartphones de uma forma tão absurda que acabou criando o efeito da banalização fotográfica. Não que isso seja errado. Ter acesso aos avanços tecnológicos é uma situação inevitável e a popularização da fotografia nos  remete  à instantaneidade  tão  almejada pelo homem.
Desde  que  lançada,  a  fotografia  exigia  habilidade, conhecimento, dinheiro e utilização de máquinas grandes e pesadas. Vale lembrar dos lambe-lambes e das máquinas fotográficas tipo “caixão” com lente reflexiva.
A máquina fotográfica virou opção de “bolso” já nos anos 60, mas se popularizou nos anos 70 e 80 com as nostálgicas Instamatic da Kodak com flashes descartáveis que conseguiram iluminar quatro “poses”. Ainda nos anos 70, a instantaneidade veio com a máquina Polaroid. Fotografar e revelar na própria máquina era algo fantástico. Cabe lembrar que a fotografia antiga, ainda revelada em papel, demorava dias para que nos fosse entregue, uma vez que o negativo era levado à loja, passava por processos químicos,  ampliado e depois devolvido. Até tempos atrás era possível assistir este processo das vitrines de uma loja do Shopping !
A  fotografia,  desde  sua  criação,   pelo  longínquo ano de 1826, sempre foi um artigo de luxo. Era acessível a poucos. Sua popularização no Brasil veio pela família real através de Dom Pedro II. Materiais para fotografar e revelar viajavam de navio, da Inglaterra ou da Alemanha. Foi Dom Pedro quem importou as primeiras máquinas e financiou a vinda de profissionais europeus como Marc Ferrez ou Louis Compte.
A princípio, a ideia de preservar aquele instante para o futuro era algo mágico. Houve até quem dissesse que a fotografia roubaria a alma do fotografado. Sim. Falou-se até que aquilo era bruxaria.Antigamente, a foto era feita ao ar livre, para aproveitar a luz natural. Não era permitido mexer, pois qualquer movimento borraria o retratado. Daí a questão de aparecermos sérios nos documentos de identificação. Não há lei que nos proíba de ter uma foto sorrindo no RG, o que existe é um tabu criado pelo “olha o passarinho e não se mexa!”.
Fato curioso são as “mães fantasmas”, encobertas por mantos escuros segurando fi lhos para não borrar a fotografia, já que eram necessários incansáveis segundos – ou até minutos – sem respirar.  Fotógrafos chegaram a ser coadjuvantes de luxo ao lado das debutantes e de jovens noivos. Os álbuns demoravam para serem ampliados e revelados, angustiando as famílias. Porém, um álbum sempre foi motivo para reunião familiar. Quanta gente não se reuniu ao redor de um deles para juntos ver as fotos, após a macarronada de domingo ? Este, aliás, é outro hábito que caiu em desuso.
Piracicaba teve inúmeros profissionais que defenderam e defendem esta arte, entre os mais contemporâneos que   partiram  Isolino  Nascimento,  Henrique  Spavieri, Diógenes  Banzatto,  Lacorte,  Cícero  Correa  dos  Santos... Quantas  lojas  também  nos  ajudaram  a  manter  a  magia, com  suas  revelações?  Bischof,  Budasom,  Cantarelli,  Iris Jetcolor, Outsubo...Se pegarmos fotos do século 19, notamos que um dos principais adereços dos “retratos” estava um livro, símbolo da sabedoria, ícone de que o retratado era de uma casta privilegiada, pois o ensino ainda não era obrigatório no país, ou seja, acessível a uma pequena minoria. Hoje a máxima  empregada no Facebok: “um dos primeiros astronautas ao pisar na Lua tirou com muito custo sete fotos; adolescente foi ao banheiro do shopping e diante do espelho ... tirou 47 fotos fazendo biquinho !”.
Não há bastão de selfie que nos salve !


sábado, 18 de maio de 2019

O PRÓXIMO SUSPIRO



Luciano Verdade
(À Denise Dedini)

Não te amo pela paisagem da Toscana
ou por Paris
que estarão sempre lá esperando por nós
como num filme.
Não te amo tampouco pela sinfonia do amor
de algum compositor
tão clássico ou romântico quanto possa ser o amor
– ainda que Paris ou Piazolla tornem meu amor mais claro.
Não te amo pelas crianças
que gritam ou choram
quando sobrevivem
ou pelas que se aquietam
realistas, modernas, mas mortas
nos noticiários de um mundo
que ainda teima em ser apenas clássico ou romântico.
Não te amo pela terra,
o vento, a água e o fogo
ainda que eles sejam parte de mim
e eu deles.
Te amo pelo oxigênio que vou respirar
no próximo minuto
pelo suor dos meus poros
pela próxima batida do meu coração.
Não pelo que fui ou sou
mas pelo futuro próximo
do que serei, já sendo
assim que o pensamento termine.
Te amo pela próxima refeição
pelo próximo nascer do sol
pelo único sentido da vida
pelo átimo de segundo
em que a vida ainda não é nem passado nem futuro
pelo futuro real quase presente
pelo presente efêmero quase passado
pelo passado eterno e vazio
quase sem passado.
Pelo vir a ser imediato,
quase sendo.
Mas que só é, de fato, se você estiver presente.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

Pincéis e tintas




Lídia Sendin

Você é tela branca em que se pinta,
A sua arte é você quem faz,
Em suas mãos estão pincéis e tinta,
Misture as cores como for capaz.

Retoque e mude tudo até que sinta
Que em cada cor a forma é veraz,
Porque não é preciso que se minta
Quando na obra o ser se mostra audaz.

A arte é sua, esqueça preconceitos,
Se a tela for redonda pinte o mundo
E entre nele num mergulho em cor.

O que importa sempre é o seu jeito:
Na cor amena ou no tom profundo,
O quadro mostrará seu esplendor.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Mães e outros tais quais...

(Arte Luzia Trabold)


Lídia Sendin

A vida de quem cuida tem raiz
Tem a seiva que nutre suas folhas.
Quem cuida dá abrigo e é a nutriz,
Tem sol, vive na luz da boa escolha.

Pode ser mãe, avós, tia ou babá,
Pode ser tio, papai ou um irmão...
Precisa ter amor, encaminhar,
Precisa ter paciência e coração.

Quem cuida tem um dom, uma centelha,
E um dia deverá soltar ao vento
Sua cria, que em seu amor se espelha,
Carregando o maior dos sentimentos.

E no adeus seus cuidados serão flores,
Suas mãos guardarão doces carinhos,
E olhando para seus novos amores,
Saberá que estarão no bom caminho.


segunda-feira, 6 de maio de 2019

Oração pelas Mães



                                                                       Leda Coletti

Gosto das orações espontâneas.  Hoje vou orar pelas mãezinhas do mundo inteiro.  O dia das mães se aproxima e, embora em todos os dias devam ser lembradas com carinho, nesse dia oficial do calendário (na realidade mais comercial), nós oramos por todas.
-Pai, que está no céu e em toda parte, protegei as mães bem amadas, mas, sobretudo as esquecidas pelos filhos.
Protegei as que têm condições materiais para oferecer uma vida física e social digna aos seus filhos, como também as que não possuem sequer recursos para o pão de cada dia.
Protegei as de diferentes raças e nações, para serem aceitas nos grupos em que convivem e mostrem que o amor de mãe é voltado para o bem-estar da família, seja em que parte do mundo estiver.
Protegei as mães que não geraram filhos, mas são mães do coração, sejam recompensadas através do carinho, respeito pelos filhos adotados.
Protegei as mães que por limitações pessoais (doença, trabalho, separação de cônjuge) não conseguem se dedicar com zelo e amor aos filhos, sejam compreendidas e não criticadas.
Protegei as mães das diferentes etnias, crenças, jovens, adultas, idosas e anciãs, que não são tratadas c com igualdade e justiça social, para que os governantes cumpram as leis das quais são merecedoras.
Protegei as mães passageiras que contribuem com a família na instrução e formação das crianças e adolescentes nas diferentes instituições sociais e religiosas, para que continuem a semear o Bem, possibilitando torná-los conscientes e responsáveis  cidadãos do futuro.
Protegei as nossas mães presentes e ausentes. Muitos de nós não a temos presente fisicamente, porque já fazem parte da morada dos céus, mas elas continuam nos nossos corações. As mães não morrem nunca para um filho reconhecido. Para elas nosso eterno afeto e gratidão.
. Queridas mães, seres benditos, quase divinos, sinônimas do amor maior, verdadeiro. O mundo não existiria e nem teria sentido sem vocês.
Ao Senhor o nosso agradecimento  por ter criado a mulher e a ter dotado desse amor do tamanho do mundo. Que todas se sintam amadas e abençoadas pela Nossa Mãe do Céu.