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domingo, 13 de outubro de 2019

Poção Mágica



Lídia Sendin

            Sentado na calçada, canequinha de plástico na mão e um canudinho na outra, o menino de pernas magricelas agitava uma espumante mistura, ansioso para que a preciosa fórmula adquirisse a consistência desejada para o seu intento.
            A poucos passos dali, uma velha senhora observava atenta à tentativa do garoto para produzir bolhas de sabão. Sorria ao vê-lo encher as bochechas rosadas de ar e assoprar valentemente o fino canudo.
            Levantou-se vagarosamente, com a cautela que os anos lhe impunham, dirigiu-se ao menino, afagou seus cabelos e disse com voz macia: - Assopre mais devagar.
           Como num passe de mágica, as bolhas coloridas ganharam o espaço, ora subindo, ora descendo ou explodindo em seu nariz, causando-lhe divertidas cócegas.
            A mulher voltou para seu banco na praça, sentou-se sorrindo enquanto pensava na alegria que algo tão simples proporciona.
            Sua composição básica deixa muitos brinquedos eletrônicos invejosos dos efeitos que causam nas crianças. Apenas água, sabão e ar e a brincadeira está completa, o número de participantes é infinito, o grau de satisfação também. Desviou o olhar novamente para o menino que agora tinha ao seu lado novos amigos, desejosos de partilhar com ele essa maravilhosa descoberta.
           E as bolhas subiam coloridas, ora voando, ora caindo, sempre explodindo divertidas, efêmeras, mas belas, cumprindo seu papel de alegrar, mesmo que por breves instantes.

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