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sábado, 17 de julho de 2021

Textos com o tema: Festa do Divino


Festa do Divino Piracicaba - Imagem Google


O DIVINO POUSOU
Elizabete Bortolin


E o Espírito Divino pousou
Sobre a alma daquele homem
Que andava sobre as águas
Trazendo bênçãos e talentos.
Sua paz se manifestou
Aos homens de boa vontade
A fé e a esperança renasceram
No coração dos que acreditaram.
E o amor...Oh! o Amor
Embalando a todos eles
Como o Prático guia o navio
Levava a todos na direção certa.



O MENINO, O ESPÍRITO SANTO E O PAI
Adolpho Queiroz

Foi numa festa do século passado, que levei meu menino nos ombros pela primeira vez a participar de uma Festa do Divino. Pedíamos proteção à saúde dele e ao bem estar da familia. Da capela, carreguei-o nos ombros e saímos pela procissão, um sobre o outro, como um remo erguido dos Irmãos do Rio de Baixo, que conduzem seus barcos com remadas vigorosas, sempre ao encontro do Divino.
            Passamos pelas mortalhas dos pagadores de promessas e incorporamo-nos ao rio de Gente, que ao lado do Piracicaba, espraiava sua fé pelas ruas. Rezávamos, cantávamos as músicas, ouvíamos a banda e aprendíamos um novo caminhar. Juntos. A vida tinha nos reservado aqueles momentos de emoção e fé. Nas ruas, as pessoas olhavam o meu menino e ele começava a olhar a vida lá de cima, na esperança de um caminhar igual aos demais.
            Seguíamos até o final da procissão, voltávamos, encontrávamos um local próximo onde aconteceria o encontro das barcas e por lá aguardávamos o foguetório, a soltura das pombas em mais um momento que nos trazia imensa alegria. Aí o menino já não estava mais sobre meus ombros. Ele caminhava com o apoio do pai e da mãe.
            Foram 10 anos de lutas, esperanças renovadas, aprendizado contra o contraditório da vida e muitas conquistas para que o seu caminhar pudesse ser seguro. No último ano da nossa trajetória, fomos surpreendidos por um rojão que explodiu ao nosso lado ,num dia em que houve até feridos entre os Irmãos do Rio de Baixo.Com receio, entendi que aquele era o sinal de que a promessa estava cumprida.
            Anos depois, levei meu menino no barco do Divino, descemos entre as cantorias e ladainhas e voltamos ao porto seguro da rua do Porto. O meu menino, já homenzinho, sorria feliz com o passeio no barco da fé. As mãos que lhe estendi lá atrás, hoje ele me estende, com carinho e generosidade, nestes dias de tantas dificuldades. Somos o mesmo remo, ereto, com fé, que busca nas lembranças do passado, a continuidade do nosso caminhar. Sempre juntos. 



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