Os
jogos on-line são um bem ou um mal para os adolescentes?
Essa
é apenas uma das incontáveis questões que a moderna tecnologia coloca para pais
e educadores. Já se falou, e muito, das vantagens inegáveis que a tecnologia
trouxe para a educação: maior compartilhamento de informações, maior facilidade
de acesso às fontes primárias e ao conteúdo de bibliotecas e coleções de
revistas e jornais, democratização do ensino etc.
Cabe,
entretanto, perguntar se não há sombras nesse quadro tão luminoso, tão cheio de
perspectivas esperançosas. Infelizmente, a resposta deve ser positiva.
Os
jogos on-line, como tantas outras coisas que se faz on-line, podem ser
recreativos e distensivos, podem até ser educativos, mas com demasiada frequência
viciam, condicionam, deformam. Se já a televisão, que há tantas décadas entrou
na nossa vida, produziu efeitos devastadores - basta lembrar, a respeito, os
estudos do saudoso e eminente piracicabano Prof. Samuel Pfromm Netto, do
Instituto de Psicologia da USP, e os estudos do filósofo alemão Karl Popper -
que dizer dos jogos on-line, muito mais aliciantes e envolventes que a TV?
Bem
antes da televisão, já os famosos "gibis" despertaram, nos anos 30 e
40 do século findo, efeitos análogos sobre a geração de nossos pais ou avós.
Há
estudiosos que empregam a expressão "autismo virtual" para designar o
fenômeno de inúmeros jovens viciados nesses jogos, incapazes de sair da
realidade virtual e retornar à realidade... real! É, sem dúvida, uma expressão
bem reveladora. De fato, os viciados em jogos on-line são pessoas dependentes,
inseguras, pouco comunicativas verbalmente, distantes da vida. Diante da tela
do computador, transfiguram-se, soltam seus instintos, livram-se dos seus
recalques, temores e inseguranças e fruem transitoriamente a sensação de
onipotência, de força, de virilidade. Transformam-se em super-heróis de
mentirinha. Depois que acaba o jogo, retornam à frustração e insignificância da
vida real. Segue-se, muitas vezes, a tentação da droga, para dar continuidade
ao sonho.
Quantos
e quantos casos há assim, nos dias de hoje? São incontáveis.
Devem ser, por isso, proibidos os jogos on-line? Não, não nos parece que a
solução seja proibi-los. Se proibidos, eles seriam capazes de produzir efeitos
ainda mais devastadores, pois teriam o gostinho da fruta proibida, mais
tentadora e atraente...
A
solução parece estar numa educação responsável, que fixe limites e mostre, aos
adolescentes, as virtualidades e os perigos do sistema. O diálogo franco de
pais e filhos, como também o de professores e alunos, é imprescindível a esse
propósito. Se assim se fizer, os jogos on-line, especialmente os que versarem
sobre temas educativos, poderão ser preciosos auxiliares da educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário