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sábado, 7 de setembro de 2013

Jogos on-line: luzes e sombras

Armando Alexandre dos Santos
Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado
                                      

                Os jogos on-line são um bem ou um mal para os adolescentes?
               Essa é apenas uma das incontáveis questões que a moderna tecnologia coloca para pais e educadores. Já se falou, e muito, das vantagens inegáveis que a tecnologia trouxe para a educação: maior compartilhamento de informações, maior facilidade de acesso às fontes primárias e ao conteúdo de bibliotecas e coleções de revistas e jornais, democratização do ensino etc.
            Cabe, entretanto, perguntar se não há sombras nesse quadro tão luminoso, tão cheio de perspectivas esperançosas. Infelizmente, a resposta deve ser positiva.
            Os jogos on-line, como tantas outras coisas que se faz on-line, podem ser recreativos e distensivos, podem até ser educativos, mas com demasiada frequência viciam, condicionam, deformam. Se já a televisão, que há tantas décadas entrou na nossa vida, produziu efeitos devastadores - basta lembrar, a respeito, os estudos do saudoso e eminente piracicabano Prof. Samuel Pfromm Netto, do Instituto de Psicologia da USP, e os estudos do filósofo alemão Karl Popper - que dizer dos jogos on-line, muito mais aliciantes e envolventes que a TV?
            Bem antes da televisão, já os famosos "gibis" despertaram, nos anos 30 e 40 do século findo, efeitos análogos sobre a geração de nossos pais ou avós.
            Há estudiosos que empregam a expressão "autismo virtual" para designar o fenômeno de inúmeros jovens viciados nesses jogos, incapazes de sair da realidade virtual e retornar à realidade... real! É, sem dúvida, uma expressão bem reveladora. De fato, os viciados em jogos on-line são pessoas dependentes, inseguras, pouco comunicativas verbalmente, distantes da vida. Diante da tela do computador, transfiguram-se, soltam seus instintos, livram-se dos seus recalques, temores e inseguranças e fruem transitoriamente a sensação de onipotência, de força, de virilidade. Transformam-se em super-heróis de mentirinha. Depois que acaba o jogo, retornam à frustração e insignificância da vida real. Segue-se, muitas vezes, a tentação da droga, para dar continuidade ao sonho.
            Quantos e quantos casos há assim, nos dias de hoje? São incontáveis.
Devem ser, por isso, proibidos os jogos on-line? Não, não nos parece que a solução seja proibi-los. Se proibidos, eles seriam capazes de produzir efeitos ainda mais devastadores, pois teriam o gostinho da fruta proibida, mais tentadora e atraente...

            A solução parece estar numa educação responsável, que fixe limites e mostre, aos adolescentes, as virtualidades e os perigos do sistema. O diálogo franco de pais e filhos, como também o de professores e alunos, é imprescindível a esse propósito. Se assim se fizer, os jogos on-line, especialmente os que versarem sobre temas educativos, poderão ser preciosos auxiliares da educação.

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