Armando Alexandre dos Santos
Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado
A
internet é uma realidade que, gostemos ou não, entrou em nossas vidas,
modificando profundamente as relações sociais, impondo novos padrões de conduta
e exigindo de nós, que nascemos muito antes de ela surgir no panorama mundial,
um indispensável esforço de adaptação. Os jovens, já formados (ou formatados,
como preferem alguns críticos? ou deformados, como preferem outros?) não
necessitam dessa adaptação, porque para eles já lhes parece natural.
Já vi, na internet, vários sites compilando
normas de “netiqueta”, ou seja, um conjunto de regras que deve observar o
internauta bem educado. Analisei com cuidado o conteúdo desses sites e me dei
conta de que, se comparadas as normas da netiqueta com as boas normas de
educação convencional, basicamente os princípios são os mesmos, apenas
aplicados a realidades e contextos diferentes.
Assim
como não se deve gritar numa conversa cordial, tampouco se deve abusar do uso
de maiúsculas e destaques gráficos em e-mails. Assim como é de mau tom falar
demais de si mesmo e usar demais o pronome EU (o egotismo é quase sempre sintoma
de egoísmo), assim também se deve proceder nas mensagens da internet. Assim
como pessoas educadas não falam palavrões ou cometem erros atentatórios da
linguagem culta, o mesmo vale para as mensagens. Assim como as boas relações na
conversação humana requerem clareza e ausência de ironias excessivas, o mesmo
se dá com as mensagens eletrônicas, e assim por diante.
Em última análise, parece-me que qualquer pessoa bem educada na vida social
corrente, quando colocada diante de um teclado de computador e de um mouse,
saberá se portar educadamente no relacionamento com os demais internautas.
Exemplos
de sites que violam essas regras são muitos e frequentíssimos. São tantos, que
até é difícil exemplificar. Dou alguns exemplos.
Parece-me
irritante quando se escreve pormenorizadamente a uma empresa, solicitando uma
providência, explicando um problema ou fazendo uma reclamação, e se recebe uma
resposta padrão que mostra que a mensagem nem foi lida atentamente. Se eu fosse
deputado federal proporia uma lei que, complementando o Código de Defesa do
Consumidor, estabelecesse que a empresa, quando dá respostas genéricas e
automáticas, também automaticamente reconhece como verdadeiras as declarações
feitas pelo consumidor queixoso, em todos os seus pormenores.
Outra
coisa irritante são os spans, oferecendo produtos não solicitados, muitas vezes
até insultantes. Também os pedidos de contribuição para entidades caridosas ou
beneficentes, frequentemente se tornam inconvenientes pelo tom agressivo
adotado. Por mais nobre que seja a causa, nunca pode o solicitante esquecer que
está pedindo um favor, que não tem o direito de exigir nada, menos ainda de
tentar provocar no destinatário da mensagem um problema de consciência, do
gênero “se você não der sua contribuição, morrerão tantas pessoas de tal doença
e você será o responsável por isso”...
Enfim,
o princípio geral é o que acima foi enunciado: quem é bem educado na vida
corrente, também o será na Internet. E quem é malcriado socialmente, jamais
será um zeloso respeitador da Netiqueta.
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