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sábado, 19 de outubro de 2013

Etiqueta e netiqueta

Armando Alexandre dos Santos
Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado



A internet é uma realidade que, gostemos ou não, entrou em nossas vidas, modificando profundamente as relações sociais, impondo novos padrões de conduta e exigindo de nós, que nascemos muito antes de ela surgir no panorama mundial, um indispensável esforço de adaptação. Os jovens, já formados (ou formatados, como preferem alguns críticos? ou deformados, como preferem outros?) não necessitam dessa adaptação, porque para eles já lhes parece natural.
                    Já vi, na internet, vários sites compilando normas de “netiqueta”, ou seja, um conjunto de regras que deve observar o internauta bem educado. Analisei com cuidado o conteúdo desses sites e me dei conta de que, se comparadas as normas da netiqueta com as boas normas de educação convencional, basicamente os princípios são os mesmos, apenas aplicados a realidades e contextos diferentes.
                   Assim como não se deve gritar numa conversa cordial, tampouco se deve abusar do uso de maiúsculas e destaques gráficos em e-mails. Assim como é de mau tom falar demais de si mesmo e usar demais o pronome EU (o egotismo é quase sempre sintoma de egoísmo), assim também se deve proceder nas mensagens da internet. Assim como pessoas educadas não falam palavrões ou cometem erros atentatórios da linguagem culta, o mesmo vale para as mensagens. Assim como as boas relações na conversação humana requerem clareza e ausência de ironias excessivas, o mesmo se dá com as mensagens eletrônicas, e assim por diante.
Em última análise, parece-me que qualquer pessoa bem educada na vida social corrente, quando colocada diante de um teclado de computador e de um mouse, saberá se portar educadamente no relacionamento com os demais internautas.
                   Exemplos de sites que violam essas regras são muitos e frequentíssimos. São tantos, que até é difícil exemplificar. Dou alguns exemplos.
                   Parece-me irritante quando se escreve pormenorizadamente a uma empresa, solicitando uma providência, explicando um problema ou fazendo uma reclamação, e se recebe uma resposta padrão que mostra que a mensagem nem foi lida atentamente. Se eu fosse deputado federal proporia uma lei que, complementando o Código de Defesa do Consumidor, estabelecesse que a empresa, quando dá respostas genéricas e automáticas, também automaticamente reconhece como verdadeiras as declarações feitas pelo consumidor queixoso, em todos os seus pormenores.
                   Outra coisa irritante são os spans, oferecendo produtos não solicitados, muitas vezes até insultantes. Também os pedidos de contribuição para entidades caridosas ou beneficentes, frequentemente se tornam inconvenientes pelo tom agressivo adotado. Por mais nobre que seja a causa, nunca pode o solicitante esquecer que está pedindo um favor, que não tem o direito de exigir nada, menos ainda de tentar provocar no destinatário da mensagem um problema de consciência, do gênero “se você não der sua contribuição, morrerão tantas pessoas de tal doença e você será o responsável por isso”...
                   Enfim, o princípio geral é o que acima foi enunciado: quem é bem educado na vida corrente, também o será na Internet. E quem é malcriado socialmente, jamais será um zeloso respeitador da Netiqueta.



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