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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Disposição malograda

 Acadêmica Myria Machado Botelho
Cadeira n° 24 - Patrona: Maria Cecília Machado Bonachella

Neste ano que se inicia castigando-nos com escaldante calor, meu propósito era o de escrever amenidades. 
Estamos saturados de noticiários negativos,crimes hediondos e conseqüentes, estampando um cotidiano regado a sangue e desastres, enquanto a corrupção descarada lá de cima, aponta com clareza os motivos de nosso atraso e de tanta violência.
Vivemos sob o signo da insegurança e do medo. Não é possível dormir “em berço esplêndido”, ignorar ou deixar de indignar-se com uma situação que já beira o caos,  cujo fulcro principal está no(des) governo  cínico e desarrazoado que, há mais de uma década tomou de assalto nosso país. E caminha a passos largos para instituir aqui uma forma oportunista de governar pilhando o Estado, em nome de uma ideologia em que os meios justificam os fins. Pouco ou quase nada recebemos de retorno com os tributos escorchantes que pagamos como ovelhinhas a caminho do matadouro, enganados e tripudiados com ações de “bolsa –família”, “Minha casa, Minha vida”, “Mais Médicos”, programas remendões, eleitoreiros e marqueteiros, que não  resolvem  problemas mais profundos e necessários, enquanto governantes canalhas se locupletam, numa vida de gastos ostensivos, banqueteando-se com cardápios milionários
As calamidades se sobrepõem e avultam. apontando  estados pobres e miseráveis, sem qualquer infra-estrutura, morrendo vitimados pelas catástrofes endêmicas, ou pelos corredores de pronto-socorros e hospitais, carentes de medicamentos, de leitos e de cuidados básicos,isto sem falar nas escolas e na educação deficitária, com índices estratosféricos de analfabetismo. Um povo analfabeto e desinformado é a massa de manobra ideal para governos totalitários. 
Em 2013, nossas deficiências vieram à tona. O tumor foi lancetado com a condenação dos mensaleiros após oito anos, evidenciando nesta demora a urgência de uma reforma judiciária.A sociedade que, em junho acordou com protestos gerais, de norte a sul, infelizmente, recolheu -se  com a fúria fascista e obscura dos black  blocs, que ainda não sabemos por quem foram ou estão sendo instigados.
Abrimos 2014 com os horrores do Maranhão e de Pedrinhas,revelando as condições infernais de nossas penitenciárias, verdadeiros covis do desespero e da morte, enquanto dona Dilma e o “ex” se fecham em copas, impedindo uma intervenção no Estado governado pelos Sarney há 50 anos, aliados intocáveis nas próximas eleições.
 Também em janeiro nossa comandante anuncia em Cuba mais um financiamento do Brasil, via BNDES, para o Porto de Mariel , em sua primeira etapa, que ela , com orgulho inaugurou ao lado de Raul Castro. Dos US$957 milhões orçados para a construção,US$802 milhões  saíram daqui, dos contribuintes brasileiros. Sem comentários, pois os atos  falam por si mesmos.
      As palavras são duras, e como seria maravilhoso poder dizer o contrário e apegar-se a um fio de esperança para encorajar uma geração desencantada de jovens  que ,em desabafos desesperados estão a dizer que o caminho agora, após adquirirem os meios necessários  é o dos aeroportos, via outras terras e outros mares, onde possam viver e trabalhar com  segurança,decência e dignidade.
A pesar de tudo, não podemos desanimar; os meios sociais já reagem e o sofrimento, a constatação de que assim não podemos continuar, talvez nos ensinem o caminho certo das transformações com a fé e a esperança necessários no momento em que as tempestades nos parecem tão sombrias.



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