Comentam por aí, de boca em boca,
Num acento brutal de covardia,
Que eu tenho uma alma sonhadora e louca
Porque sonha e enlouquece na poesia.
E como se não fosse ainda pouca
A dor dessa agulhada aguda e fria,
Às vezes, quando passo, atrás espouca
A gargalhada atroz de uma ironia.
Não me zango, porém. Pelo contrário,
Perdôo, como um Cristo meigo e triste
Escalando um intérmino Calvário.
É que eles não compreendem, pobrezinhos,
Quanta delícia na poesia existe
Feita embora de cruzes e de espinhos.
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