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terça-feira, 15 de setembro de 2015

A saga dramática dos refugiados

 Acadêmica Myria Machado Botelho
Cadeira n° 24 - Patrona: Maria Cecília Machado Bonachella


            O contraste é muito grande : de um lado, um mundo em pleno progresso  material, avançando em suas conquistas tecnológicas e espaciais e empregando nestas pesquisas bilhões de euros e de dólares;  de outro lado e bem sob nossas vistas, graças à celeridade  da comunicação global, milhões de imigrantes e refugiados cruzando fronteiras ( quando podem) e fugindo do inferno em que se transformou suas pátrias de origem.  São mais de 51 milhões e nunca foram tantos, desde a segunda guerra mundial.
            O êxodo é dramático e, para muitos, comovente, dolorido, inaceitável! A imagem do pequenino sírio Aislam, de três anos, vítima do naufrágio de um barco, e atirado na praia como adormecido é de arrancar lágrimas de impotência e de revolta. Onde está o coração  dos países ricos que assiste a esse êxodo   desesperado à procura de um abrigo, em busca de melhores condições de vida, fugindo  do horror dramático das guerras, dos fundamentalismos, das perseguições e dos exploradores, dos genocídios e das misérias de toda ordem?  
            Tenho comigo uma inquietação talvez mais acentuada com relação à condição humana, `a sua valorização, aquilo que o ser humano traz em seu coração como participante da vida livre, no sentido de construir a paz e seu próprio destino no mundo. Aquela face terrível do”homo homini lupus”se me apresenta como um paradoxo, uma contradição, uma deformação de tudo aquilo que o Criador, em Sua infinita sabedoria  deseja para nós, embora nos tenha legado o livre arbítrio, a decisão só nossa em todas as opções. Nisto, sim, sou inconformada. Preocupo-me com os rumos da sociedade moderna, imediatista, que vem colocando em primeiro lugar e como norma de vida, o relativismo absoluto que esconde enormes carências, a de Deus, sobretudo. E nunca, penso eu, a humanidade se viu tão ameaçada e infeliz, às voltas com problemáticas tão agudas, como a de agora.
 Os conflitos, os condicionamentos, a massificação, a mediocridade e o desinteresse por objetivos mais elevados; uma certa arrogância irresponsável quanto ao dever tão necessário de observar  e respeitar os valores que dão sentido à vida, numa forma de rebaixamento e de cinismo; o  desrespeito à vida numa intenção insana de destruí-la em todas as suas formas,manifestado contra a criança nas etapas de seu desenvolvimento, a partir da concepção, no menosprezo e no preconceito contra os mais velhos, na destruição da natureza, tudo indica um retrocesso de condição, extremamente preocupante. Em ponto menor, relativo ao dever pessoal de cada um fazer a sua parte, as guerras cruéis e genocidas de países e nações não expressam somente o sentimento dos governos beligerantes,elas exprimem a guerra interior dos próprios indivíduos, desprovidos de princípios, de aspirações e de esperanças.  No fundo, no fundo, são pessoas infelizes, incapazes de amar. Uma incapacidade que se torna aberração. A caridade, expressa notavelmente pelo Apóstolo, na 1ª Carta aos Coríntios,cap.13, nos diz respeito. Quem sabe amar é feliz, experimenta a paz de consciência, aquela paz que não é a deste mundo, prometida por Jesus.
O problema de assistência aos refugiados está cada vez mais sob a responsabilidade de países com poucos recursos que abrigam 86% dos emigrantes, enquanto os países ricos atendem apenas 14%.  Após o ataque terrorista de 11 de setembro nos Estados Unidos foram adotadas regras mais rígidas para a aceitação de refugiados.
Apesar disso, a queda na taxa desta recepção nos países ricos não implicou na redução de vítimas de conflitos ao redor do mundo, cujo número aumentou e passou a ser maior a procura de abrigo nos países em desenvolvimento. Este aumento se deve à multiplicação e ao agravamento de conflitos armados pelo mundo, além do fechamento de fronteiras por países que estão na região de conflito.O endurecimento das leis e políticas migratórias em países desenvolvidos também elevou o número de pessoas em busca de um novo país como opção.

De qualquer forma e no fundo, no fundo, o que existe  aí  é um esfriamento , uma crise humanitária de governos e dirigentes no sentido de que o ser humano precisa ser acolhido em qualquer lugar do mundo. É um direito que lhe cabe, o da inclusão, o da acolhida, da solidariedade e da ajuda.

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