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sábado, 13 de junho de 2020

PRESSINTO



Elisabete Bortolin

Permear flores, frutos e cores
Na querência de tudo poder
Sentir, cheirar, olhar
A beleza que a natureza contém
Onde a relva fresca da manhã
Cheira a orvalho perfumado
Do banho ao nascer do sol
Que trouxe a alegria do dia
Na vontade forte e soberana
Anuncia que a luz prevalecerá
Na natureza que segue seu instinto
Em manifestar o amor, pressinto.


quinta-feira, 11 de junho de 2020

FESTA CAIPIRA




                            Andre Bueno Oliveira

                                  
Noite estrelada orvalhando neblina!
Fogueira acesa estrala no terreiro!
Pipoca, quentão, docinho caseiro,
regando  o menu da festa junina.

Sanfoneiro dedilha a concertina
que  toca alegre ritmada ao pandeiro.
Arrasta-pé, ao lado do celeiro
levanta  poeira em forma de cortina.
           
Varanda assiste  passos da quadrilha.
Os fogos de artifício... maravilha:
- pirilampos piscando a escuridão!

Final de festa!  Da fogueira acesa,
nada ficou  além de uma tristeza...
e o pó das cinzas -  restos de carvão!

quinta-feira, 4 de junho de 2020

O FRIO COBROU MEU ATRIBUTO



Carmelina de Toledo Piza


Era um dia de frio.
Tinha chovido muito naquela manhã.
O sol não aparecera, o dia entristecia.
Não gosto do frio, ele dói. Mas tinha que ir para a escola.
O uniforme, o avental branco de algodão, já bem lavado, passado, engomado e velho. Era roto.
O vento passava entre as tramas.
E eu sentia frio.
Apesar das meias de lã listradas e as alpargatas, o frio penetrava nas pernas e nos pés. E doía.
O gorro de lã azul marinho, como a blusa eram feitos com restos de lãs de tricô. Mas a gola da blusa e os punhos combinavam com uma das listras das meias.
Eu sentia frio e estava ridícula.
Mas era o que tinha para vestir.
As mãos geladas.
Uma mão segurava a bolsa da escola e a outra o guarda-chuva.
Eu sentia frio.
No atributo da vida, eu não perdia um dia de escola.


quarta-feira, 3 de junho de 2020

PORTEIRAS DA MINHA VIDA


             
        
Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins

Por quantas passei nesta longa caminhada!
Umas, deixei abertas e prossegui...
Outras,  cautelosamente fechei.
Várias enquadraram cenários tristes,
outras  emolduraram meu viver
num  contorno de luzes ofuscantes,
tais quais estrelas celestiais!
Quem me dera retornar ao passado,
refazer o caminho de outrora
e apreciar com a alma desperta
cada porteira que atravessei...
Seria mais cuidadosa, daria mais atenção.
Abriria e fecharia todas elas
com a mais profunda emoção.
Tocaria cada uma com afeto.
Alisaria o cerne inerte sofrido,
 (em molduras transformado)
 a definir espaços,  extensões;
demarcação legal de fronteira,
marco real de proteção!
 Foram, as porteiras atravessadas,
verdadeiras molduras da minha vida!
Recordar e consagrar a todas elas
leva-me à confirmação do valor e alegria
do reviver, do constante renascer a cada dia!

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Evolução



Elda Nympha Cobra Silveira

Todos viviam meio inconscientes,
Vivendo por  anseios e aparências,
Anelando  ser novo Midas!
Mas...frustrados, viviam sem atinar.
Tingiram suas águas,
Queimaram suas terras,
Mataram seus animais,
Sem pensar nos seus ais .

Um  alerta então chegou,
E... de repente o mal se instalou,
Dizimou aos milhares
Nossa gente brasileira,
De outras plagas também!
Necessitou-se ficar  obediente,
E... cada um ficou no seu ninho,
Nunca antes exercido.
Rezaram,  se irmanaram
Sorriram e cantaram.

A praga assustada  com tanta bondade,
Foi para longe e não voltou nunca mais,
E... a humanidade se amou de verdade!