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domingo, 23 de novembro de 2025

Percepção

                                                                         

Raquel Delvaje


Ventos do norte,

Aguardo aqui, com meus pés desnudos.

 

O beijo da brisa

Em meus cabelos revoltos.

 

E as cinzas das cinzas.

 

Deveria haver

Um céu, somente para os que pecam,

Sem querer pecar.

 

Que Deus olhe de lá e diga:

- Pobre coitado, não é um fraco.

É só humano.

A boa árvore





Francisco de Assis Ferraz de Mello

 

− Veja esta árvore, filho, como é bela.

Como se veste sem qualquer vaidade.

Com toda a colossal simplicidade

Como é sublime essa beleza dela.

 

− E como nos conforta o peito vê-la

Dando frutos e sombra com bondade

Ao caminheiro de qualquer idade

E à passarada alegre e tagarela.

 

− Quem foi, meu pai, essa alma generosa

Que cuidou desta planta, a mais formosa,

Entre todas aquelas que já vi?

 

− Meu filho, foram mãos desconhecidas,

Anônimas, por certo, redimidas.

Talvez de um santo que parou aqui.