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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Medalha de Mérito Cultural na área de Literatura/2015

Leda Coletti- Cadeira no 36
Cadeira n° 36 - Patrona: Olívia Bianco
Artistas de várias modalidades receberão medalhas de mérito cultural por destacarem-se em suas áreas e por promover a cultura piracicabana.
Leda Coletti, integrante da Academia Piracicabana de Letras, do Grupo Oficina Literária de Piracicaba, do Centro Literário de Piracicaba e do Clube dos Escritores, recebe a medalha "Branca Motta de Toledo Sacks" na área de Literatura / 2015.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

ANACRONISMO

 Acadêmica Myria Machado Botelho
Cadeira n° 24 - Patrona: Maria Cecília Machado Bonachella

            Visitei minha terra.  Depois de algum tempo, o ser humano sente necessidade de um retorno, espécie de aconchego e reencontro com suas raízes.  As cidades pequenas possuem afinidades e características semelhantes, um cunho de simplicidade e de ternura que fala mais profundo ao coração.
            Em São Simão, o sol mais claro e o céu mais azul, livres da poluição, iluminam e destacam as paredes de pintura nova de casario de telhado brilhante, quase todo no alinhamento das calçadas.  Em acordo tácito, os moradores resolveram  renovar suas casas que contrastavam a velhice  com as construções recentes.
            Andei pelas ruas e calçadões estreitos e altos, cumprimentando parentes, conhecidos e desconhecidos, surpresos com a interpelação e a curiosidade da visitante.    Debrucei-me sobre as velhas pontes do rio que corta a cidade e olhei longe para os  grandes pomares com suas mangueiras amarelinhas de frutos, recordando-me do tempo em que vivia empoleirada sobre seus galhos ou  no balanço de corda, ganhando as alturas e sonhando alto.
              Em frente ao Grupo Escolar, detive-me por algum tempo.  Ali se desdobraram meus primeiros contatos disciplinados com o saber e o dever transmitidos  por mestres dedicados e capazes que me acentuaram o gosto pelos livros.  Na pracinha da Igreja Matriz, defronte ao Grupo, lembrei-me das quermesses e das festas religiosas, num tempo em que a confraternização era mais cordial e mais simples, as comadres  atualizavam os mexericos e os “correio-elegantes” funcionavam a todo vapor, endereçando declarações de amor aos namorados...       As crianças, na barraca das pescarias brincavam e sonhavam, num tempo em que o “faz de conta” e o medo gostoso das histórias de assombração, do saci Pererê e das bruxas com poderes sobrenaturais eram pura ficção sem maiores consequências...
            Muita coisa se extinguiu na terrinha e não está como antes.  A estação ferroviária da Mogiana, bem pertinho da casa onde nasci, transformou-se em Rodoviária.  Já não se ouvem os apitos sincopados e compridos, os vagões arrastando-se nos trilhos, em manobras ou arranques definitivos.  A chegada dos “Rápidos” da manhã e da tarde, sempre atrasados, e dos “Noturnos”, constituía um acontecimento.  Nas plataformas um alvoroço: quem vem, quem não vem, os “despejos” dos passageiros e as despedidas com acenos de mãos e de lenços, lágrimas e sorrisos que sugeriam a busca do desconhecido e das aventuras.
            Na sorveteria, bem na esquina da “Rua do Meio”, perto da praça principal, pedi um picolé de chocolate, o “sorvete de pauzinho” de minha infância, tão desejado e proibido, em razão da provável dor de garganta.  Na praça maior, uma decepção:  as espirradeiras, os chapéus de sol foram substituídos e o coreto, em volta do qual se brincava de ciranda, de amarelinha, de fura-bolo e samba- lelê, ouvindo a “banda” ou a “retreta”, já não existe.

            Sentei-me no banco de pedra, diante dos morros e do Cruzeiro, bem no alto, que já acendia suas luzes.  O sol se despedira desmaiando em sua apoteose derradeira.  Os sinos da Matriz do meu  batismo , os mesmos sinos tangiam docemente, enquanto  eu usufruía o silêncio, quebrado apenas pelo rumorejo do ribeirão ali próximo e o pio dos pássaros, aninhando-se sob as árvores...  Senti-me proprietária daquela doçura e daquele envolvimento...  Súbito, ouço os acordes de uma antiga música: uma oferta anônima para completar um dia muito pleno em que me debrucei sobre o passado, com saudade da menina que lá ficou!...

terça-feira, 15 de setembro de 2015

A saga dramática dos refugiados

 Acadêmica Myria Machado Botelho
Cadeira n° 24 - Patrona: Maria Cecília Machado Bonachella


            O contraste é muito grande : de um lado, um mundo em pleno progresso  material, avançando em suas conquistas tecnológicas e espaciais e empregando nestas pesquisas bilhões de euros e de dólares;  de outro lado e bem sob nossas vistas, graças à celeridade  da comunicação global, milhões de imigrantes e refugiados cruzando fronteiras ( quando podem) e fugindo do inferno em que se transformou suas pátrias de origem.  São mais de 51 milhões e nunca foram tantos, desde a segunda guerra mundial.
            O êxodo é dramático e, para muitos, comovente, dolorido, inaceitável! A imagem do pequenino sírio Aislam, de três anos, vítima do naufrágio de um barco, e atirado na praia como adormecido é de arrancar lágrimas de impotência e de revolta. Onde está o coração  dos países ricos que assiste a esse êxodo   desesperado à procura de um abrigo, em busca de melhores condições de vida, fugindo  do horror dramático das guerras, dos fundamentalismos, das perseguições e dos exploradores, dos genocídios e das misérias de toda ordem?  
            Tenho comigo uma inquietação talvez mais acentuada com relação à condição humana, `a sua valorização, aquilo que o ser humano traz em seu coração como participante da vida livre, no sentido de construir a paz e seu próprio destino no mundo. Aquela face terrível do”homo homini lupus”se me apresenta como um paradoxo, uma contradição, uma deformação de tudo aquilo que o Criador, em Sua infinita sabedoria  deseja para nós, embora nos tenha legado o livre arbítrio, a decisão só nossa em todas as opções. Nisto, sim, sou inconformada. Preocupo-me com os rumos da sociedade moderna, imediatista, que vem colocando em primeiro lugar e como norma de vida, o relativismo absoluto que esconde enormes carências, a de Deus, sobretudo. E nunca, penso eu, a humanidade se viu tão ameaçada e infeliz, às voltas com problemáticas tão agudas, como a de agora.
 Os conflitos, os condicionamentos, a massificação, a mediocridade e o desinteresse por objetivos mais elevados; uma certa arrogância irresponsável quanto ao dever tão necessário de observar  e respeitar os valores que dão sentido à vida, numa forma de rebaixamento e de cinismo; o  desrespeito à vida numa intenção insana de destruí-la em todas as suas formas,manifestado contra a criança nas etapas de seu desenvolvimento, a partir da concepção, no menosprezo e no preconceito contra os mais velhos, na destruição da natureza, tudo indica um retrocesso de condição, extremamente preocupante. Em ponto menor, relativo ao dever pessoal de cada um fazer a sua parte, as guerras cruéis e genocidas de países e nações não expressam somente o sentimento dos governos beligerantes,elas exprimem a guerra interior dos próprios indivíduos, desprovidos de princípios, de aspirações e de esperanças.  No fundo, no fundo, são pessoas infelizes, incapazes de amar. Uma incapacidade que se torna aberração. A caridade, expressa notavelmente pelo Apóstolo, na 1ª Carta aos Coríntios,cap.13, nos diz respeito. Quem sabe amar é feliz, experimenta a paz de consciência, aquela paz que não é a deste mundo, prometida por Jesus.
O problema de assistência aos refugiados está cada vez mais sob a responsabilidade de países com poucos recursos que abrigam 86% dos emigrantes, enquanto os países ricos atendem apenas 14%.  Após o ataque terrorista de 11 de setembro nos Estados Unidos foram adotadas regras mais rígidas para a aceitação de refugiados.
Apesar disso, a queda na taxa desta recepção nos países ricos não implicou na redução de vítimas de conflitos ao redor do mundo, cujo número aumentou e passou a ser maior a procura de abrigo nos países em desenvolvimento. Este aumento se deve à multiplicação e ao agravamento de conflitos armados pelo mundo, além do fechamento de fronteiras por países que estão na região de conflito.O endurecimento das leis e políticas migratórias em países desenvolvidos também elevou o número de pessoas em busca de um novo país como opção.

De qualquer forma e no fundo, no fundo, o que existe  aí  é um esfriamento , uma crise humanitária de governos e dirigentes no sentido de que o ser humano precisa ser acolhido em qualquer lugar do mundo. É um direito que lhe cabe, o da inclusão, o da acolhida, da solidariedade e da ajuda.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Poesia triste



Não há lugar para eles...
Ivana Maria França de Negri

Um anjinho veio à terra
Pra nos dar grande lição
De que vale tanto ouro
Se o verdadeiro tesouro
Dentro está do coração?

Nestas guerras fratricidas
Irmão luta contra irmão
E o saldo se acumulando:
A perda de tantas vidas

Não têm nome e nem nação,
Sem casa e sem compaixão
Vão sucumbindo aos milhares
Pelo egoísmo dos povos
Que não os querem por perto

E nem lhes estendem a mão...

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Oficina Literária



O GOLP - Grupo Oficina Literária de Piracicaba -  retomando o antigo projeto das oficinas motivacionais literárias em suas reuniões, oferece a segunda oficina, a cargo da escritora e poetisa Ivana Negri, membro da Academia Piracicabana de Letras, e tem por tema “Egrégora Literária”
Nesta quarta-feira, 2 de setembro,  às 19h30, na Biblioteca Municipal de Piracicaba.
Aberta a quem gosta de escrever.