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sábado, 20 de fevereiro de 2021

Encruzilhada

 



Raquel Delvaje

 

Os botões do rádio antigo.

Aumentava-se o som,

Acertava-se um agudo,

Um grave.

A arte não morreu.

A arte trafega.

Nas veias, no sangue e

no coração.

Os teus olhos magníficos.

Perdi-me de mim mesma,

Quando caminhei ao Sol ardente

do deserto.

As feridas ficaram abertas

E os caminhos tortuosos ardiam

os pés cansados.

Um pássaro voava no céu azul.

Os caminhos não são somente flores,

Aos cinquenta, já sabemos disso,

Já conhecemos o deserto,

Caminhamos por ele.

Nos espinhos.

Aprendemos muito,

Apanhamos muito.

Sabemos que têm caminhos vários,

Que confundem o certo a seguir.

Cantamos.

Fugimos.

Na simbiose de um vago profundo,

Que não encontra a porta da saída.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Transformação



Carmelina de Toledo Piza

 

Descubro a mulher

Mulher que encontra as sombras

Na floresta escura dos sons

Sons que misturam o renascimento.

 

O renascer em sons estrondosos

Na grande dança

Do diálogo sonoro

Do corpo e da alma.

 

A brisa cavalga a deusa em mim

No cavalgar

Rasgo o cerne da vida

No meu plexo solar sinto o estrondo.

 

Ouço os barulhos internos

Na cadência do coração

Entro na roda da vida

E canto com a floresta das minhas sombras

Descubro...

Sou simplesmente a lagarta transformada.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

CONJECTURAS



Raquel Delvaje

I
Havia um pássaro dor que voava...
E comia todos os sonhos.
E  eram lindos nossos sonhos pequeninos que pulavam felizes,
Feito meninos aos tabuleiros de doces das tardes franzinas...
Um dia cresceram... Débeis...
Foram servidos nos tabuleiros que eram de doces,
Aos pássaros famintos.

II
Era uma tarde quando eu vi que tinha que partir.
No horizonte havia um céu amargo
E a sinestesia de sabores de quem sonhou com o mar.
A tempestade fazia ondas dentro de mim.

III
E a vida tropeçava em passos loucos,
Ora caíam corpos cansados... De fardos pesados.
Divagavam pelo caminho...  Num “devagar” da vida.
Nossas alianças de aro fonema... De amor e saudade...
De tardes estradas afogadas em olhares.
Sentimentos que carregam na mala...
Caminhantes com destino.

IV
Mas talvez tenhamos nos perdidos nos atalhos.
V
Um dia,  acostumar-me-ei a ser tardes nubladas,
Em que o céu carregado em nuvens pesadas...
Padece o sol, longe das minhas retinas.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

PROMESSA E EVENTO



Lídia Sendin

 

Deus nos prometeu as asas

Fortes da águia, renovadas,

Vida nova em cada casa,

Fazer forte a alma cansada.

Força múltipla fornece

Para quem quer mais vigor,

Cada um de Deus carece

Para ter paz e amor.

Essa força prometida

Veio com a porta de luz,

Abundância e nova vida

Quando então nasceu Jesus.

Abram neurônios, vontade,

Fibras abram, ó multidões!

Vão a Ele com humildade.

Levem a Deus suas orações.

Graças dêem no Natal.

Entre, ó povo bendito!

O Senhor abriu um portal

Nas estrelas do infinito.