Carlos Morais Júnior Cadeira n° 18 - Patrona: Madalena Salatti de Almeida |
É essa a luz que deve ser vista... Mas como? Cada pessoa a verá com a força que tiver em seu coração. Verá diferentemente, porque é diferente a maneira de sentir. Mas todos a verão como uma pequena coisa que brilha, lá na curva do horizonte. Quase se apagando, quase se apagando, quase se apagando... Saber enxergar. Poder ver a luz que os outros não conseguem ver, poder sentir-lhe o calor, quando os outros estão esfregando as mãos para se aquecer no meio do rígido inverno, eis o que se precisa...
Mesmo porque a luz está em todas as partes, mas bri¬lha somente àqueles que tem os olhos próprios para enxergá-la, àqueles que tem o coração propício para re¬cebê-la. Que luz é esta? Que re¬presenta? E por que brilha? Essas perguntas quem pode responder? Talvez, com mais propriedade, aqueles que já tiveram a oportunidade de ver a luz, pairando sobre o horizonte, dentro do seu próprio quarto, no es¬pelho do banheiro ou mesmo numa madrugada bem fria. Estes poderão dizer que a aparição fê-los felizes! E o sentimento que a luz tem o poder de transmitir é a feli¬cidade...
Sou louco? Devo ser... Mas não quero morrer an¬tes de enxergar a luz. Essa luz que todos dizem ter visto, mas que é tão difícil de descobrir no meio da treva. Não quero morrer an¬tes de dizer que eu sou um daqueles que tem os olhos preparados e o co¬ração aberto, antes de dizer que eu tive o poder de ver a luz... Não querer morrer sem enxergar a luz, eis o que é preciso. Não fechar os olhos sem ver esse sinaleiro, que no meio do oceano pisca in¬termitente, como um farol que indica o caminho que deve ser seguido.
E como nos parece pe¬quena, um foco luminoso no meio do oceano! Mas, as¬sim mesmo, vamos! Assim mesmo vamos ao encalço dela. Sabemos que o tur¬bilhão das ondas fará com que ela se afaste de nós. Mas temos denodo, temos força para chegar mais perto, cada vez mais perto.
Neste ponto, gritamos pragas ao vento, quando vemos que ela se afasta de novo. E quantas vezes não peguei o leme, e gritei pragas para o vento esperando que o espírito dos temporais fizes¬se a luz chegar mais perto, mais perto, mais perto... Brincamos de pegador com ela. Quando nos chega¬mos ela se afasta, quando nos afastamos ela se achega... E a vida passa para nós, nessa brincadeira in¬cessante. E somos meninos da vida, porque ela se apre¬senta para nós, também co-mo criança.
E como criança, a vida toma de nós, todas as vezes, aquilo que, como crianças que também somos, ardente¬mente desejamos! A vida nos toma a luz que parece estar, ao mesmo tempo, tão perto de nossas mãos, e tão longe delas... Sou louco? Devo ser... Mas não quero morrer an¬tes de pegar a luz...
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