Elda
Nympha Cobra Silveira
Falam tanto sobre idade que até
chega a ser um tabu para certas mulheres, pelo menos.
Quando somos crianças não vemos a hora de crescermos, para podermos usar as
roupas de adultos, falar e viver como eles. Qual é a menina que não arrastou
por todo lado da casa os sapatos altos da mãe, enormes para seus pezinhos e
ainda gostando de ouvir o barulho feito
por eles? Quem não colocou xales, chapéus, roupas da mãe, batom e blusch
brincando de desfile de modas, fazendo trejeitos, caras e bocas para a “
platéia”familiar e amiguinhos, ou então para galinhas, patos, vacas e cabras se
o palco fosse uma chácara? Qual é a menina que não brincou de cirquinho, pelo
menos naquela época ?
Os anos passam celeremente e a
menina se transforma numa linda moça e quando ela se dá conta a sua juventude
está fugindo dela.Nessa fase que parecia não chegar nunca começa lhe vir a
angustia, pensando qual será seu futuro tanto profissional quanto amoroso.E
começam a pesar os anos alcançados
quando ela chega aos trinta e ainda não se casou. Anos atrás as moças se preocupavam
bem antes dessa idade, com medo de “ficar para titia.”
As mães começavam a providenciar
o enxoval para suas filhas desde que ainda eram pequenas. O material de cama,
mesa e banho eram confeccionados por eximias costureiras e bordadeiras e tudo
era guardado num baú ou canastra especial para a noiva, se possível embrulhados
e arrematados com fitas de cetim.
Muitas noivas levavam um tailleur
escuro, próprio para sua nova vida de casada, compatível com seu novo estado
civil, pois daí para frente seria uma
senhora.
Como vê ela já se assumia na
posição de uma pessoa mais velha. Com a vinda dos filhos então ela vivia para o
lar , seu marido e seus filhos e se realizava como a Rainha do lar.
Com quarenta ou cinquenta anos
nem pensaria em ir a um cinema sozinha, sair a tarde com as amigas solteiras, a
não ser para ir ao chá do Clube da Lady que estava se iniciando e era no salão da parte de cima do Clube Coronel
Barbosa.Também poderia ir a algum aniversário de amigas ou parentes ou levar
seus filhos para algum aniversário de amiguinhos ou colegas de classe.
O relacionamento familiar era
preponderante e vigente.Os filhos visitando seus pais no período da tarde no horário escolar dos filhos, ou todos juntos sempre a
noite na casa dos avós.
Nos domingos após a missa, todos
se dirigiam à residência dos pais e avós para almoçarem e passarem o dia todos
juntos, só voltando à noite para suas casas. Era mesmo uma curtição familiar.
Será que essa fase de idade não é
a melhor? Mas e a luta do casal para ter estabilidade financeira, tempo para
dar atenção aos filhos pequenos e com quem deixá-los para ir trabalhar? É uma
fase desgastante para o casal consciente de seus deveres.
Mas chega um dia os filhos também crescem e saem para estudar fora de sua
cidade.Os pais se assombram pois não pensavam em ficar sozinhos tão cedo e eles
percebem quanto estiveram afastados um
do outro na tarefa de criar seus filhos, delegando para um plano secundário aquele
namoro que tiveram, aquela cumplicidade, o olho no olho, romance enfim..
A casa parece vazia sem eles, os
filhos, que tanto preencheram ou até encheram demais em certas horas de
preocupação constante.O casal então percebe que ainda têm muito a investir
naquele casamento e naquele lar calmo e tranqüilo mas turbulento nos fins de semana
com a chegada dos filhos, porque volta tudo a ficar como todos gostam.
Um dia seus filhos também se
casam e saem de uma vez para seu próprio
ninho.
E os anos vão passando e chega-se
a meia idade e depois a velhice
.Qual será a melhor época da
vida? Infância ou juventude? Meia idade ou velhice?
Depende da valorização de cada
pessoa.Quem viveu o Agora não se angustia com a nostalgia, nem com o medo
do futuro, porque cada hora é bem
saboreada e bem vivida.
Se quisermos ser felizes,
precisamos sempre construir pensamentos que nos agrade, precisamos saber
conviver conosco porque nós somos nossas próprias companhias.Cultive só o
melhor para si próprio, envolva-se em dar e receber amor.
O Ontem já passou o Amanhã ainda
não chegou vamos viver o Agora.