Rio Piracicaba

Rio Piracicaba
Rio Piracicaba cheio (foto Ivana Negri)

Patrimônio da cidade, a Sapucaia florida (foto Ivana Negri)

Balão atravessando a ponte estaiada (foto Ivana Negri)

Diretoria 2022/2025

Presidente: Vitor Pires Vencovsky Vice-presidente: Carmen Maria da Silva Fernandes Pilotto Diretora de Acervo: Raquel Delvaje 1a secretária: Ivana Maria França de Negri 2a secretária: Valdiza Maria Capranico 1o tesoureiro: Edson Rontani Júnior 2o tesoureiro: Alexandre Sarkis Neder Conselho fiscal: Waldemar Romano Cássio Camilo Almeida de Negri Aracy Duarte Ferrari Responsável pela edição da Revista:Ivana Maria França de Negri

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quinta-feira, 30 de julho de 2020

Parabéns Piracicaba pelos 253 anos!



Feliz-Cidade
Ivana Maria França de Negri

            Comemorar aniversário é muito bom! Bolos, doces, assoprar velinhas, amigos ligando, mandando e-mails e enviando flores. Tão bom  ser lembrado com carinho e ganhar presentes!
            Nossa adorada Piracicaba está completando 253 anos. Ela faz parte de nós, e nós fazemos parte dela porque aqui vivemos e aqui ganhamos a vida. E é neste torrão de terra que a nossa vida acontece, e é este mesmo solo que vai acolher, complacente, nossos restos mortais um dia.
            O que gostaríamos de dar de presente à nossa terra natal? Quanta coisa poderíamos colocar na lista...
Neste primeiro de agosto de 2020, todos nós, piracicabanos, gostaríamos de ganhar de presente uma cidade livre da pandemia, com comércio aberto, famílias unidas se abraçando, restaurantes, cinemas e escolas funcionando e as crianças brincando com os amigos, coisas que há uns meses pareciam ser tão corriqueiras...E agora são preciosidades das quais sentimos tanta falta... É pedir muito?
Feliz aniversário, Piracicaba! Feliz-Cidade para todos nós, e que Piracicaba volte logo a ter aquele agito cultural, estudantes alegres e barulhentos como maritacas e as reuniões familiares e de amigos acontecendo! Que assim seja!


           SAUDOSISMO PIRACICABANO
            Leda Coletti

            Quanto mais a idade avança, mais aumenta o saudosismo da terra que nos viu nascer. Desperta a saudade da época .em que éramos crianças.. Os hábitos e costumes da época eram diferentes dos da época atual.  O trânsito era tranquilo e nas ruas com paralelepípedos, o bonde era um meio de transporte bastante utilizado por todas as classes sociais e idades. Lembro-me que na década de 40, nós crianças íamos á escola, igreja, utilizando-o sem a companhia de adultos. Geralmente para ir à escola íamos a pé e com os colegas, vizinhos de quarteirão.
             Era comum, à noitinha, famílias inteiras levarem suas cadeiras para as calçadas, enquanto as crianças brincavam à vista delas. Aos sábados e domingos era uma festa para as famílias( pais e filhos menores) passear na Rua Governador Pedro de Toledo para apreciar as vitrines lindamente decoradas e iluminadas.  Nessa época, nossa cidade já era considerada como grande cidade da região.
            Na juventude, já na sexta década do século passado, nos anos dourados, íamos assistir filmes nos cinemas locais e quando os amigos moravam em outros lados da cidade, voltávamos sem receio algum, sozinhas para casa. Também havia o “footing” na praça central, onde nós moças circulávamos numa direção e os rapazes em sentido contrário, além da “calçadinha de ouro”, a concorrida saída no término dos filmes, quando a ala masculina tomava quase toda a extensão da calçada. Muitos namoros , que deram até em casamento surgiram desses “flirts”,( como se dizia para os “paqueras” de hoje)
            Aos domingos, os passeios para o gramados da Escola Agrícola aconteciam com frequência, ou então uma chegada ao Mirante. A travessia ( a pé ) pela única ponte existente era considerada uma aventura, pois a calçada era estreita; só existia uma pista, sendo que num dos lados passava o trem. Não tínhamos acesso às dependências do Engenho Central, pois ainda não se tornara o grande patrimônio cultural de nossa cidade.
            . Nos dias de hoje, quando caminho na área de lazer da Estação Paulista, observo o que restou da antiga estrada de ferro, que teve papel importante no transporte até quase metade do século passado: a sua fachada principal, os barracões e algumas casas, moradias que eram cedidas a funcionários Os primeiros. estão bastante conservados, pois constituem nos dias de hoje, rico espaço cultural e de lazer para os piracicabanos..
            Uma da lições de Sociologia que nunca esqueci foi o que aconteceu e continuará sempre: a mudança, dos locais, comportamentos culturais e sociais, como a única constante. E, embora tenhamos saudade de muitas coisas, incluindo até valores sociais, lugares que se transformaram, temos que concordar com essa afirmação.
            Mas, isso não nos impede de sentir saudade da nossa Piracicaba do século passado e trovar a eterna beleza da Noiva da Colina!
                                               Esta cidade bendita                                 
                                               com pôr do sol  na colina
                                               é pra nós sempre bonita
                                               seu doce encanto fascina.

 IPÊS FLORIDOS
Valdiza Maria Capranico

Nas últimas semanas, nossa cidade amanheceu florida – Cada dia mais ... ipês colorindo, em todos os cantos, enfeitando, tentando nos transmitir mensagens de paz, de beleza, de gratidão a Deus, à vida.
Nesses tempos de quarentena, onde o “ficar em casa” aguça nossos sentidos, sinto-me privilegiada por morar no alto de um edifício e poder contemplar de minhas janelas, ipês floridos, ao longe, enfeitando a cidade. E, em raras e necessárias saídas, ter o privilégio de passar sob alguns...
Lembrei-me de fatos, ocorridos há muitos anos; quando, em visita à nossa cidade, tive o prazer e a honra de receber e acompanhar o Roberto Burle Marx, um dos maiores paisagistas do mundo (se não o maior) e, ao passarmos pela Estação da Paulista, quis parar e observar o chão da estação ... coberto de flores azuis, dos jacarandás mimosos que lá existiam e muito enxofre, amarelo, esparramado no meio das flores... concluiu que aquele espetáculo daria um lindo tapete (ele fazia tapeçarias maravilhosas).
Outro fato que me marcou bastante, também, foi ao visitar um bairro nobre de nossa cidade, havia uma rua, numa das quadras desse bairro, com ipês rosa floridos... a mim, pareceu estar entrando no paraíso... tudo ali estava rosado... Mas, os moradores queriam retirar todos eles, porque faziam sujeira... Voltei, alguns dias depois para ver a “sujeira”, um tapete cor de rosa que cobria as calçadas desse quarteirão... achei lindo demais... Voltei ao local, algum tempo depois e – para minha tristeza, haviam retirado todas essas belas árvores...
Cada vez que vejo flores de ipê caídas ao solo, me lembro dele e também dessa rua... e chego a conclusão que essas belas árvores nos dizem, numa linguagem silenciosa, “deixo a vocês essas flores para enfeitar seu caminho, ofereço a vocês esse maravilhoso tapete, para colorir suas calçadas, suas praças”.
E, se quiser, puder, contemple um pouco esse espetáculo... vale a pena... poder sentar-se, observar esses lindos tapetes, agradecer a Deus por esse momento, foi o que me motivou ao receber a foto, linda, de uma amiga querida, a Mônica...
A solidão fica mais leve quando entendemos o quanto a Natureza pode fazer por nós...

PIRACICABA QUE EU ADORO TANTO...
Lídia Sendin

            A lembrança mais remota que eu tenho de Piracicaba é de um rio borbulhante que espalhava uma neblina molhada pelo caminho que percorríamos para conhecê-lo, o famoso Mirante.
Isso já faz muito tempo, década de 1960, quando visitei Piracicaba pela primeira vez, trazida por meus pais, que pretendiam morar aqui, por conta do interesse de meu irmão em Cursar Agronomia.
Lembro-me que fiquei muito empolgada com o salto, com o véu da noiva, e contava a todos os meus amigos e parentes de São Paulo, que eu ia morar perto de um rio tão grande que até jogava suas águas para fora.
Acabei não morando tão perto dele assim, mas saber que ele existia, e que com um pequeno passeio de bonde eu poderia vê-lo, já me deixava o coração alegre.
Anos mais tarde, eu mesma fui estudar no outro encanto de Piracicaba, a ESALQ, quando cursei o Magistério e fiz o que se chamava, na época, Normal Rural.
Hoje o rio não está mais tão bonito como era, mas Piracicaba continua linda, com suas flores por todo canto. Eu mesma plantei aqui três das mais belas flores: minhas filhas, que, nascidas aqui, me deram a o direito de cidadania mesmo sendo eu uma estrangeira. 


O RIO CONTA A HISTÓRIA
Carmelina de Toledo Piza

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra pisaram.
Quantos barcos eu senti por mim passarem?
Quantos pescadores suas redes jogaram?
Quantas pessoas pelos meus peixes foram alimentadas?

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra acamparam.
Da minha história, lendas e lendas são contadas:
A lenda do rio, a lenda da noiva
E tantas outras lendas foram por mim encantadas.

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra chegaram.
Fico aqui no meu acalanto
E todos os anos espero pelo encontro dos barcos...
É a festa do Divino Espirito Santo.

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra pousaram.
E no barulhar da correnteza que canta
Ouço o som do batuque, o ritmo da umbigada e o desafio da viola dos cururueiros
Para mais uma festa santa.

Eu sou este velho rio que é o lugar onde o peixe para
Pelos Bonecos do Elias todo o tempo fui olhado. 
Brincadeiras com boias e de meninos assisti
E no ano do aniversário da cidade preciso ser cuidado.

Eu estou aqui...
Velho e cansado
Muitas vezes triste
Outras vezes amargurado.

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra sonhos realizaram.
Mais um ano esta cidade o aniversário vai comemorar
Piracicaba faz 253 anos
Vidas e vidas vividas ainda quero homenagear.


Âncora   
Carmen Pilotto   
                         
Minha alma estacionou
aqui onde o peixe está...

E nessas misteriosas corredeiras:
ora abundantes, outras ressequidas,
depositei meus sonhos e anseios.

Sigo a tortuosa margem do rio
com a placidez de pertencer a aldeia
de um recorte feliz do universo....

PAINEL NOIVA COLINENSE
Ésio Antonio Pezzato

Lusco-fusco. No espaço as nuvens arruivadas
Pelos fachos de luz que o sol ainda golfeja,
Refletem mil painéis de telas esmaltadas
Num cromatismo etéreo e de paz benfazeja.

Extasiado contemplo essas telas pintadas
Pelo Pintor maior que mil cores bafeja
Sobre o etéreo dossel que as cores concentradas
– Fagulhas de ouro em pó! – sobre a terra despeja.

Sinto o sopro de Deus sobre a densa ramagem
E pareço fitar um oásis no deserto
Enquanto os ventos bons entre as roseiras agem.

Respiro um cheiro bom de alecrim e canela,
E frente a esse cenário imenso, largo e aberto
Cuido em tudo ver Deus da terra sentinela.

 O PIRACICABA DOS PAIAGUÁS
Francisco de Assis Ferraz de Mello

Quanto crime ante Deus, de pensar me comovo:
Agoniza este rio que alimentou meu povo.
Quem pode imaginá-lo, um dia, colossal,
Bufando na floresta de um sol tropical?

Quem pode imaginar que, um dia, em suas margens,
Dos mansos animais até as onças selvagens
Foram beber sua água, enquanto a passarada
Ensaiava uma orquestra ou partia em revoada?

No salto ele rolava altivo, encapelado,
sobre o basalto negro, alteando um forte brado
Que acordava o sertão de séculos atrás.

Abaixo, no remanso ou, então, nas corredeiras,
Passavam as canoas em bandos, ligeiras,
Levando para a guerra os índios paiaguás.



RUA DO PORTO
Aracy Duarte Ferrari

Íntimo ardente
Noite enluarada
Avenidas luzentes
Árvores resplandecentes...

Os pássaros chilreando
Recompõem a melodia.
A prosa, a poesia
Atingem o seu clímax.

O rio circunda
A cidade e o coração.
As águas correm...
Rutilantes ao reflexo da lua.

Ondas abundantes
Observadores atentos
Inspirados na quietude
Reflexões distantes.

Uma estrela cadente
Risca, de repente
O firmamento
Para meu sobressalto.

NASCER EM PIRACICABA
Elda Nympha Cobra Silveira

Nascer aqui nesta Terra,
Qualifica-se  pessoa melhor!
Nosso dialeto é uma graça!
Dotados de grande verve,
Deus nos preserve,
Nessa Terra de canaviais,
Pois tudo aqui é demais!
Somos um povo que canta,
Rima, escreve, dança, e...
 Até temos ginga.
Sem precisar de nossa pinga,
Até  trovamos  no cururu,
Que talento!
Temos faculdades, universidades
Que nos deixam ainda  maior! 

MINHA TERRA
Francisco de A. Ganeo de Mello (Buda)

Sou de Piracicaba
A “Atenas Paulista”!
Antes de prosseguir,
deixem-me explicar:
ter nascido em Piracicaba
me é  motivo de grande orgulho
e é por isso que coloquei
aquele ponto de exclamação...

Minha terra tem história
e seu folclore é muito rico.
Temos pintores famosos,
temos músicos e cientistas.
Temos praças bonitas,
Monumentos, casarões,
preciosas relíquias que contam
 um pouco do nosso passado.

Muita gente célebre
já passou por minha terra.
Tivemos um Thales de Andrade
um Miguel Dutra e um Mello Moraes...

Diz a lenda
que até um rio
já passou por minha terra!

(Minha terra teve um bosque
Onde cantou um sabiá!)...


A CATEDRAL DE PIRACICABA
Cássio Camilo Almeida de Negri

            Por muitos anos, suas torres reinaram imponentes na praça central da cidade.
            A simetria perfeita, encimada pelos pontiagudos telhados hexaedricos, com as cruzes nos píncaros, como a conectar a terra ao céu.
            O relógio magnífico que eu, desde criança, quando aprendi os algarismos romanos, nunca entendia o porque de seu “quatro” ser quatro traços ao invés do “IV” ensinado na escola.
            Hoje, coitada, foi esmagada por um “pisão” do prédio ao lado. Um edifício só de garagens.
            Piracicaba, quem deixou fazerem isso com você?






O RIO CONTA A HISTÓRIA



Carmelina de Toledo Piza

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra pisaram.
Quantos barcos eu senti por mim passarem?
Quantos pescadores suas redes jogaram?
Quantas pessoas pelos meus peixes foram alimentadas?

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra acamparam.
Da minha história, lendas e lendas são contadas:
A lenda do rio, a lenda da noiva
E tantas outras lendas foram por mim encantadas.

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra chegaram.
Fico aqui no meu acalanto
E todos os anos espero pelo encontro dos barcos...
É a festa do Divino Espirito Santo.

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra pousaram.
E no barulhar da correnteza que canta
Ouço o som do batuque, o ritmo da umbigada e o desafio da viola dos cururueiros
Para mais uma festa santa.

Eu sou este velho rio que é o lugar onde o peixe para
Pelos Bonecos do Elias todo o tempo fui olhado. 
Brincadeiras com boias e de meninos assisti
E no ano do aniversário da cidade preciso ser cuidado.

Eu estou aqui...
Velho e cansado
Muitas vezes triste
Outras vezes amargurado.

Estou aqui desde quando os primeiros homens nesta terra sonhos realizaram.
Mais um ano esta cidade o aniversário vai comemorar
Piracicaba faz 253 anos
Vidas e vidas vividas ainda quero homenagear.

domingo, 26 de julho de 2020

Tribunal das redes sociais



Ivana Maria França de Negri

            Tenho muito medo desse tribunal... Principalmente o julgamento precipitado que vai se juntando com outras vozes exaltadas que vão expandindo o grau de ódio até que não se pode mais controlar. Em poucos minutos, por causa de uma simples postagem, uma pessoa pode ser julgada, condenada e linchada, sem que sejam apuradas as outras versões dos fatos. Isso é perigoso demais! E cruel também!
            Uma amiga postou: “Deus me livre do tribunal do facebook, amém”. E fiquei a pensar, como ela tem razão! É terrível essa obstinação que as pessoas têm de julgar os outros levianamente. Sendo que isso pode custar o linchamento “moral” de alguém, a perda do emprego, de amigos, enfim, pode acabar com uma pessoa em questão de horas.
            Lembram do caso da Escola Base? Ficou famoso, e numa época em que nem havia Internet. A mídia sensacionalista teve acesso ao depoimento de uma mãe que vazou da polícia antes que o inquérito tivesse terminado e espalhou-se como se fosse uma verdade sacramentada. Antes que os fatos fossem devidamente apurados, os donos da escolinha foram massacrados, física e moralmente. Não tiveram direito à defesa. Foram sumariamente condenados. Depredaram a escola e os pais tiraram os filhos do estabelecimento de ensino. Quando tempos depois sua inocência foi provada, nada mais havia a fazer... Os acusados já tinham suas reputações totalmente  destruídas. O caso tornou-se referência obrigatória nas discussões em cursos de Direito e Jornalismo. O jornalista Alex Ribeiro até escreveu o  livro “Caso Escola Base: Os abusos da  imprensa”, lançado em 2003.
            A dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, morreu dois dias após ter sido espancada por dezenas de moradores no Guarujá, litoral de São Paulo. Foi violentamente agredida a partir de um boato gerado por uma página em uma rede social que afirmava que ela sequestrava crianças para utilizá-las em rituais de magia negra.
            Lincharam uma inocente, sem provas, e só depois de morta e enterrada que veio a público sua inocência. E lá se foi uma mãe de família, julgada e condenada, sem direito a defesa...Mais uma grande injustiça.
            Boatos e mais boatos são espalhados o tempo todo. Ninguém procura fazer uma pesquisa para saber se aquilo é real ou é criação de uma mente diabólica, a serviço do mal.
            Por isso, não cometam injustiças. “Não julgueis, para que não sejais julgados, pois com o critério com que julgardes, sereis julgados, e com a medida que usardes para medir a outros, igualmente medirão a vós. ” diz a passagem bíblica.
            Psicólogos costumam afirmar: o que as pessoas barbarizam nos outros e os defeitos que enxergam neles, é o que existe dentro delas mesmas.
            Não sejam juízes e algozes de ninguém. Existem profissionais que estudaram muito para terem a capacidade de fazer isso, e se não forem justos, a Justiça Maior, sempre prevalecerá, mais dia, menos dia ela triunfará.
            Portanto, seja leve ao apontar dedos e defeitos nos outros. Amanhã, poderá ser você o réu...

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Desafio literário tema: Bueiro


Durante uma caminhada, deparei-me com um bueiro coberto de verde!
Fotografei e trouxe para os escritores e poetas para que cada um escrevesse sobre o tema em verso ou em prosa.
E brotaram estas maravilhas!



Versos para um bueiro verde

João Baptista de Souza negreiros Athayde

Contraponto sutil invade a alma
Na cisma dolorosa de um dilema:
Como podem os liquens e miasmas
emergirem do lodo – quais fantasmas
E tecerem de verde um poema?


O BERÇO

Andre Bueno Oliveira

Pouco importa ao bebezinho,
Se o seu bercinho é faceiro...
A Flora escolheu seu ninho,
 Num desprezível bueiro.


Apenas bueiro
Ésio Antonio Pezzato

Bueiro, apenas bueiro
Mas transformou-se em canteiro,
Logo ao raiar da manhã.
Nele nasceram o poejo,
O perfume sertanejo
E a essência da hortelã.

A paisagem colorida
Trouxe a essência da vida
Ao transeunte passageiro,
Que em seu passo rotineiro
Viu a paisagem florida
Que transformou o bueiro
No mais sublime canteiro
Na paisagem colorida...

...saiu assim o poema do bueiro


Bueiro verde
Ivana Maria França de Negri

Um insignificante bueiro, entre milhares de outros, acostumado a receber esgoto, enxurradas, águas pluviais e de lençóis subterrâneos, humildemente se submete aos propósitos aos quais foi criado.
Também conhecido como boca-de-lobo, sumidouro ou vala, seria apenas mais um anônimo entre milhares, se não fossem as sementes de alguma plantinha se aninharem em seu interior.
Alheio aos transeuntes, à quarentena, à pandemia, às tempestades ou ao sol causticante, seu sedimento terroso permitiu a germinação.
Mesmo no lodo ou na aridez, a vida sempre dá um jeito de acontecer...
E ele se cobriu de verde!

Vida florescendo
Cassio Camilo Almeida de Negri

Tal qual a estrela de Davi em seu triângulo com o ápice para baixo, servia como esgoto com a sujeira a descer. Agora, como o triângulo de ápice para cima, a vida floresce em direção ao céu.
Esse bueiro é como nós, nossa polaridade pode ser a de um bueiro ou de um canteiro, temos ambos, mas qual irá predominar?

TROVA
Leda Coletti

Nesse tempo turbulento
Ver um bueiro verdinho
Traz a nós doce acalento
Esperança, só carinho.

BUEIRO DENGOSO
Elda Nympha Cobra Silveira

Estou   sozinho...
Bem pertinho da calçada.
Crianças passam correndo,
Outras bem devagarinho.

 Elas ficam pertinho de mim,
Com os pezinhos na enxurrada
Ai! Como sinto alegria
Poderia ser sempre assim!

O sol quer brincar também
Mas  enxuga todas as águas,
Mas fez brotar no meu gradil
Relvas e florezinhas mil!
E...ouço  ao passarem:
Que bueiro gracioso!


É TERRA
Carmelina Toledo Piza

Quando falamos de criação
Vamos para um território desconhecido.
O território da alma que
Leva-nos ao encandecido.

Quando olhamos para o chão
Vemos marcas do tempo em cicatrizes.
A dor de um passado distante
Coberto de vernizes,

Mas a criação de um verde solitário
Em grades verticais,
De um bueiro em uma rua qualquer
Verdadeiramente é o belo dos víveres originais.

Estamos no território que almejamos
A TERRA, com as nossas certezas.
Onde floresce a mata verde
Abençoada por suas belezas.

O bueiro
Elisabete Bortolin

Chegou Janeiro, a cerveja rolou bueiro adentro matando pessoas.
Chegou Fevereiro, veio o Carnaval e as tempestades, inundando casas e avenidas, entupindo os bueiros.
Chegou Marco e Abril, a Covid-19 começou a invadir o Brasil, levando muita gente e dando trabalho aos coveiros.
Chegou Maio, o Moro foi demissionado abrindo sua Boca de Lobo contra o presidente.
Estou entendendo e resumindo que a palavra do momento é Bueiro.
Tudo passa assim como nossa tristeza e isolamento, pois o Bueiro vai florescer, FÉ.

O bueiro
Leia Paiva

Em forma de retângulo
Grades negras, com ferro retorcidos
Guardam o vácuo, um buraco negro e sujo.
Aguas barrentas de enxurradas
Vão adentrando no dito cujo.
Terras acumuladas nas beiradas,
Em todos os ângulos, folhas secas
Estercam o barro intruso.
Nasce, então, uma planta encantada
Enche de verde a entrada,
Tornando, assim, um quadro
Antes antiestético, feioso
Em um quadro poético, harmonioso.
Nas nossas introspecções
Encontramos buracos, sombras, porões.
Nas fendas das horas perdidas,
Oportunidades não aproveitadas,
Nas horas distraídas, desperdiçadas
Em inutilidades, fúteis,
Perdemos preciosidades.
Porém, nunca perdemos as ramagens
Das verdes férvidas esperanças
Aprendidas com as experiências vividas,
Que brotam nas bordas dos bueiros
De nossas vidas. 

"O Verde Brilha" no bueiro
Lourdinha P. Sodero Martins

Quem diria ? Que em bueiro solitário nasceriam "acalantos" em forma de verdes ramagens? Pois ali, naquela grade, mal tratada, com ferrugem germinaram ervas férteis mais parecendo miragem! Esverdeou-se o bueiro, majestoso se tornou! Quem por ele agora passa o aprecia e constata ... "Verde vida" o transformou!

Tapeçaria
Lídia Sendin

Melhor que tapete persa
Colocado em belo chão,
A imagem nos desperta
Serena admiração.

A Natureza trabalha
Fiando a tapeçaria
E se ninguém atrapalha
Nasce arte em poucos dias.

Quem passa vê essa obra
De um poeta tapeceiro,
E com espanto comprova
Que ali já foi um bueiro.

Quarentena  -  Será que vai deixar saudades?
            Madalena Tricânico

             Estava ela desenvolvendo seu trabalho de varrição das ruas quando ouviu uma lamuria, uma lamentação...
            - Eu não queria estar aqui no meio fio da calçada eu queria estar lá perto do muro onde estão aquelas flores coloridas.
            -Ahnnn...!Quem está falando? Não vejo ninguém. A rua está completamente deserta.
            - Você só olha para cima! Olhe para baixo!
            - Não é possível! Este silencio do isolamento de alguns e a preocupação de  outros que precisam trabalhar faz, as vezes, ouvirmos vozes, mas agora estou conversando com um bueiro?
            - Sim sou eu,  e não me chame de bueiro!
            - Ah não! Vou te chamar do quê? De vaso?
            -Tá bom...vaso. Ora, não existe gente de todo tipo? Vaso também pode existir ou “ser”. Eu sou um vaso! Pronto falei!
            - Combinado. Vou varrer só os lixos e a terrinha vou deixando. Elas sempre trazem semente que os passarinhos espalham e se você tiver sorte e elas germinarem...
            Era outono, o tempo passa rápido. O combinado foi mantido e quando chegou a primavera o desejo foi realizado.
            - Nossa que lindo aqui na esquina da minha casa. Parece uma jardineira, um vaso! Quem será que colocou as sementes em um BUEIRO!

Galeria Acadêmica

1-Alexandre Sarkis Neder - Cadeira n° 13 - Patrono: Dario Brasil
2- Maria Madalena t Tricanico de Carvalho Silveira- Cadeira n° 14 - Patrono: Branca Motta de Toledo Sachs
3-Antonio Carlos Fusatto - Cadeira n° 6 - Patrono: Nélio Ferraz de Arruda
4-Marcelo Batuíra da Cunha Losso Pedroso - Cadeira n° 15 - Patrono: Archimedes Dutra
5-Aracy Duarte Ferrari - Cadeira n° 16 - Patrono: José Mathias Bragion
6-Armando Alexandre dos Santos- Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado
7-Barjas Negri - Cadeira no 5 - Patrono: Leandro Guerrini
8-Christina Aparecida Negro Silva - Cadeira n° 17 - Patrono: Virgínia Prata Gregolin
9-Carmen Maria da Silva Fernandez Pilotto - Cadeira n° 19 - Patrono: Ubirajara Malagueta Lara
10-Cássio Camilo Almeida de Negri - Cadeira n° 20 - Patrono: Benedito Evangelista da Costa
11- Antonio Filogênio de Paula Junior-Cadeira n° 12 - Patrono: Ricardo Ferraz de Arruda Pinto
12-Edson Rontani Júnior - Cadeira n° 18 - Patrono: Madalena Salatti de Almeida
13-Elda Nympha Cobra Silveira - Cadeira n° 21 - Patrono: José Ferraz de Almeida Junior
14-Bianca Teresa de Oliveira Rosenthal - cadeira no 31 - Patrono Victorio Angelo Cobra
15-Evaldo Vicente - Cadeira n° 23 - Patrono: Leo Vaz
16-Lídia Varela Sendin - Cadeira n° 8 - Patrono: Fortunato Losso Netto
17-Shirley Brunelli Crestana- Cadeira n° 27 - Patrono: Salvador de Toledo Pisa Junior
18-Gregorio Marchiori Netto - Cadeira n° 28 - Patrono: Delfim Ferreira da Rocha Neto
19-Carmelina de Toledo Piza - Cadeira n° 29 - Patrono: Laudelina Cotrim de Castro
20-Ivana Maria França de Negri - Cadeira n° 33 - Patrono: Fernando Ferraz de Arruda
21-Jamil Nassif Abib (Mons.) - Cadeira n° 1 - Patrono: João Chiarini
22-João Baptista de Souza Negreiros Athayde - Cadeira n° 34 - Patrono: Adriano Nogueira
23-João Umberto Nassif - Cadeira n° 35 - Patrono: Prudente José de Moraes Barros
24-Leda Coletti - Cadeira n° 36 - Patrono: Olívia Bianco
25-Maria de Lourdes Piedade Sodero Martins - cadeira no 26 Patrono Nelson Camponês do Brasil
26-Maria Helena Vieira Aguiar Corazza - Cadeira n° 3 - Patrono: Luiz de Queiroz
27-Marisa Amábile Fillet Bueloni - cadeira no32 - Patrono Thales castanho de Andrade
28-Marly Therezinha Germano Perecin - Cadeira n° 2 - Patrona: Jaçanã Althair Pereira Guerrini
29-Mônica Aguiar Corazza Stefani - Cadeira n° 9 - Patrono: José Maria de Carvalho Ferreira
30-Myria Machado Botelho - Cadeira n° 24 - Patrono: Maria Cecília Machado Bonachela
31-Newman Ribeiro Simões - cadeira no 38 - Patrono Elias de Mello Ayres
32-Angela Maria Furlan – Cadeira n° 25 – Patrono: Francisco Lagreca
33-Paulo Celso Bassetti - Cadeira n° 39 - Patrono: José Luiz Guidotti
34-Raquel Delvaje - Cadeira no 40 - Patrono Barão de Rezende
35- Elisabete Jurema Bortolin - Cadeira n° 7 - Patrono: Helly de Campos Melges
36-Sílvia Regina de OLiveira - Cadeira no 22 - Patrono Erotides de Campos
37-Valdiza Maria Capranico - Cadeira no 4 - Patrono Haldumont Nobre Ferraz
38-Vitor Pires Vencovsky - Cadeira no 30 - Patrono Jorge Anéfalos
39-Waldemar Romano - Cadeira n° 11 - Patrono: Benedito de Andrade
40-Walter Naime - Cadeira no 37 - Patrono Sebastião Ferraz