Maria Helena Vieira Aguiar Corazza Cadeira n° 3 - Patrono: Luiz de Queiroz |
Para mim chega de tanto sangue e de crimes hediondos, inexplicáveis e indescritíveis em se tratando de seres humanos atacando, maltratando, roubando ou destruindo, e desiludindo a vida, mesmo porque é o homem quem mata e maltrata! O animal irracional apenas cumpre sua missão natural de sobrevivência. É a sua natureza! No entanto, o comportamento animalesco do homem se torna dia a dia tão desordenado, chegando ao ponto de tirar a alegria da vida de muitos! Por isso resolvi olhar os ipês e, se fosse possível, não lembrar de tanta tristeza dos atingidos! Pelo menos, gostaria de “inventar truques” para me envolver e me conscientizar da impossibilidade de desprezar a beleza que, mesmo sendo tão agredida, ainda assim não se cansa de se revelar em tantos momentos inebriantes e inesquecíveis...
Quero, sim, mais do que nunca esquecer olhares tristes e desconsolados dos que choram a perda de seus entes queridos ou de seus amores, pela violenta insensatez indesculpável de desalmados, que colherão pelos seus desatinos e crueldades, e lembrar-me mais “dos olhos de Deus que enxugam as lágrimas humanas”... Quero olhar os ipês, repito, sobretudo nesta estação que é deles, e, quando sua explosão majestosa de cores, formatos e tamanhos, ainda nos conta histórias de emoção e dignidade, apesar deste mar de horrores em que o mundo se afunda incessantemente!
Culpados, culpa e revolta, desalinhamento social ou comportamental de cabeças doentes ou mal formadas, não é mais questão de avaliações ou desculpas. Onde encontrar tanta compreensão ou perdão para dar? Importa agora o mal além das forças e dos limites que este desequilíbrio desumano anda proporcionando, não só nos prejuízos materiais das vítimas, mas, no medo e no terror que machucam muito, e, pior de tudo, na destruição de sonhos, mutilando física e mentalmente, e, afinal ceifando tantas vidas!
Não quero, nem acredito mais em explicações de “quem de direito” que nada resolvme, nem consertam coisa alguma, nos tempos em que se acumulam sofrimentos, e não ouvem os gritos de socorro que se perdem por não serem jamais atendidos.
Prefiro olhar os ipês!...
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