Armando Alexandre dos Santos Cadeira n° 10 - Patrono: Brasílio Machado |
Parece-me, entretanto, que alguns professores exageram nessa ojeriza por citações textuais. Não compreendem que um redator honesto se sinta meio "ladrão" de pensamento alheio quando reproduz, com palavras suas, longos textos alheios, limitando-se a pôr, no fim, uma referência à fonte. Quem lê, fica sem saber em que medida o pensamento exposto é original do estudante, em que medida ele apenas parafraseou pensamento alheio.
Julgo ser esse um problema que precisa ser considerado caso a caso. O professor ou orientador deve ter critério para permitir que um bom redator cite, entre aspas, o que julgue adequado, ou, pelo contrário, para exigir que um redator preguiçoso se esforce para evitar citações textuais e se empenhe em redigir textos de sua própria lavra.
Vou tentar expor, a seguir, quais as normas gerais que me parecem deverem ser seguidas, em matéria de citações:
1) Em princípio, não se deve citar aquilo que podemos convenientemente expor com nossas próprias palavras. A citação só deve ser feita quando enriquece nosso texto, ou pela autoridade do respectivo autor, ou pelo modo particularmente feliz com que ele exprimiu seu pensamento.
2) Em princípio, ainda, deve-se creditar a cada autor o que é seu, sem apropriar-se de pensamento ou formulação alheio. Assim, quando uma ideia original ou uma expressão particularmente feliz é colhida numa fonte, não é justo que a incorporemos a nosso texto sem referência, como se fôssemos os seus autores. É preciso dar a cada qual o que é seu (“suum cuique tribuere”, lia-se nas Instituta de Justiniano). Até mesmo na conversação oral, manda a boa educação que lembremos, quando usamos uma formulação ou uma ideia de outra pessoa, o respectivo autor.
3) Há, porém, casos de transliterações tão evidentes que se torna ocioso e até pedante fazer uma referência ao autor. Por exemplo, quando no título deste artigo escrevi “citar ou não citar, eis a questão”, é óbvio que estou usando a formulação clássica do famoso monólogo de Hamlet. Não será necessário, portanto, acrescentar “parafraseando Shakespeare”, menos ainda será necessário seguir as famigeradas regras da ABNT, colocando entre parênteses o nome do poeta em maiúsculas, seguido do ano da edição recente e barata que está sendo usada. Também certas informações correntes, de conhecimento geral por pessoas de cultura mediana, não precisam ser amparadas em fontes. Ninguém precisa citar uma enciclopédia para provar que Paris é a capital da França, ou que o nome civil do atual Papa é Joseph Ratzinger.
4) A citação direta, entre aspas, deve ser feita sempre que, parifraseando-a ou reescrevendo-a com nossas próprias palavras, algo de sua força se perde. E a citação indireta, perifrástica, deve ser adotada preferencialmente quando se trata de uma citação muito grande, ou quando no nosso texto são por demais abundantes as citações. Produz sempre, com efeito, péssima impressão um texto quase todo composto de citações alheias costuradas. Parece feito por um preguiçoso que não quer ter trabalho de escrever por si mesmo e prefere usar tesoura e cola (ou, mais modernamente, Control-C Control-V).
5) Quando se têm algum texto de extrema importância, para o tema que estamos desenvolvendo, pode ser conveniente destacá-lo de modo especial, colocando-o como epígrafe, no início do livro ou do capítulo. É esse um modo muito adequado de se destacar um autor que nos ajudou de modo assinalado na elaboração do trabalho, e que desejamos que seja tomado em consideração também de modo especial, pelos leitores.
6) Evidentemente, devem ser evitadas a todo custo as citações desnecessárias, feitas só para mostrar erudição ou engrossar bibliografia. Esse é um recurso de maus escritores, desprezado pelos leitores críticos que sabem distinguir joias verdadeiras de bijuterias e obras de arte autênticas de imitações grosseiras.
Parece-me que, em linhas gerais, essas são as normas que o bom senso e a prática corrente do jornalismo, nos ensinaram, em matéria de citações.
Um comentário:
Bom dia. Por favor, preciso de uma gentileza. Um membro da academia falecido ha cerca de 5 anos será homenageado em nosso município no próximo dia 30/03. O sr. Leandro Filier Neto "Larry" dará o nome ao anfiteatro do município um equipamento público de extrema qualidade que irá ofertar bens culturais a todos os munícipes. Gostaria de obter informações sobre uma possível homenagem da academia a ele ou mesmo como posso proceder. Qualquer informação será de extrema valia para nossa equipe. Meu email é luiz.alfredo@r7.com ou pelos fones (19) 9707.0808 - (19) 3545.8000 - Luiz Alfredo. Agradecendo desde já despeço-me externando votos de continuo sucesso.
Postar um comentário