Ivana Maria França de Negri - Cadeira n° 33 Patrono: Fernando Ferraz de Arruda |
Neste momento histórico, a palavra mágica
que parece ter o dom de resolver todos os problemas do planeta, quer
ambientais, econômicos, sociais ou políticos, é o termo “sustentável”.
Ser sustentável, segundo os entendidos, é
agir ecologicamente, ser economicamente viável e politicamente correto. Há
alguns anos ninguém saberia explicar o que é ser sustentável.
Os antigos sabiam o que era prover o
próprio sustento, manter uma família, a esposa, os filhos e havia até um termo
engraçado “teúda e manteúda” que era a amante, a amásia, aquela que alguns
homens às vezes sustentavam por fora.
Cientificamente, a raiz sustenta o
caule, que sustenta os galhos, que por sua vez sustentam as folhas, flores e
frutos. O tronco humano sustenta o pescoço e a cabeça. O alicerce ou fundação, é a estrutura de ferro ou de concreto
colocada sob a terra e que sustentará todo o edifício.
Sustentável, hoje em dia, ganhou novo
significado. Segundo o Google e os dicionários, seria aquilo que satisfaz as
necessidades da geração atual sem comprometer as necessidades das próximas
gerações, um desenvolvimento que não esgota todos os recursos atuais, deixando
uma parte deles para o futuro.
Mas será que isso funciona na prática?
Ou é só enganação e tudo não passa de mais um teatro montado para impressionar
o povo? Será que as pessoas são razoáveis, éticas e sensíveis quando a meta é o
poder e a riqueza? Tenho cá minhas dúvidas...
Certa vez perguntaram a Mahatma Gandhi
se depois da independência, a Índia seguiria os moldes de vida britânicos e ele
respondeu: “a Grã Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para
alcançar sua prosperidade. Quantos planetas seriam necessários para que um país
como a Índia alcançasse o mesmo patamar?”. Em sua sabedoria, Gandhi mostrou que
estava na hora de mudar os modelos de desenvolvimento, que era preciso levar em
consideração o meio ambiente e o legado às gerações futuras.
Tomara que a Rio+20 abra um leque de
ideias aplicáveis e não seja apenas mais um mega evento midiático de muito
discurso e pouca ação. Muito se falará em novas fontes de energia limpa, coleta
seletiva, reciclagem, reuso de materiais poluentes, adaptação às irreversíveis
mudanças climáticas e tudo verde, muito verde, pois essa é outra palavra muito
utilizada pelas empresas que querem se autopromover. Muita prosa, muita pose e
pouca ação.
Talvez outras palavrinhas mágicas tenham
que ser resgatadas: ética, responsabilidade, consciência, generosidade, harmonia,
cooperação, entre outras. É necessário promover ações que diminuam a pegada
ecológica do homem sobre a Terra. Penso que tudo o que for falado, mostrado e
decidido, será de pouca importância se as pessoas não se conscientizarem que
fazem parte da natureza como todos os outros seres que exploram. E a natureza não
foi criada para ser abusada pelo homem. Que o documento final dessa conferência
seja como uma bíblia para os povos e as ideias nele contidas sejam postas em
prática o mais rapidamente possível..
Os índios tinham toda a razão ao
afirmarem que o homem pertence à Terra, mas a Terra não pertence ao Homem.
E que nosso amado e maltratado planeta,
qual a lendária Fênix, consiga renascer
das próprias cinzas.
*texto publicado nos jornais A Gazeta de Piracicaba e A Tribuna Piracicabana (20/06/2012)
Blog SOS Rios do Brasil
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Um comentário:
Excelente artigo, Ivana !
Parabéns !
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