Marisa F. Bueloni Cadeira no 32 - Patrono: Thales Castanho de Andrade |
Peço licença para expressar uma palavra a respeito do que o país está vivendo nestes últimos dias. Organizaram-se os protestos também aqui em nossa cidade e as pessoas saíram às ruas, para marchar e pedir mudanças. Lamentamos os atos de vandalismo, uma vez que as manifestações são legítimas e justas. Infelizmente, oportunistas e vândalos se infiltram no movimento e agem de modo reprovável.
Sim, entendemos que o país precisa mudar. É preciso uma nova mentalidade para governar. Trocar o velho pelo novo. Buscar caminhos pelos quais a social-democracia se faça de modo a atender os anseios da população.
É justa e honrosa esta mobilização reivindicando melhores condições de saúde, educação, moradia, transporte. De repente, como se diz em toda parte, o povo “acordou”. A nação passou a ter uma só voz e, em uníssono, cantou o canto político mais belo e mais comovente. Entendeu-se que se há dinheiro de sobra para construir faraônicos estádios de futebol, há de haver para melhorar as condições de vida do nosso povo.
Esta consciência ilumina os corações, arde nas palavras de ordem, nos cartazes de frases inflamadas, pontuando aqui e ali fatos da vida brasileira, num pleno exercício de cidadania e de civismo.
É bonito ver a juventude reagindo. Desculpe, não acreditávamos nessa nova geração, grudada demais nos eletrônicos da vida, “criando” um português suspeito, parecendo não prestar atenção a sua volta. Pois foi por meio das redes sociais que tudo começou. Uma tecnologia inesperadamente a serviço da luta pela ética, pelos direitos do cidadão? É promissor.
Vejo com entusiasmo esse mar de cabeças e cartazes, onde se lê: “Queremos hospitais no padrão FIFA”. De fato, não são apenas os famosos vinte centavos. Ainda que Galvão Bueno atribua os protestos apenas ao aumento da tarifa. Não, meu amigo da Rede Globo. São os bilhões de dinheiro público desviado do seu verdadeiro destino: hospitais, escolas, moradia, transporte decente, segurança.
A nação acordou e o povo não é bobo, deixou de ser a “massa de manobra” inocente e ignorante. Não é preciso muita escolaridade para enxergar o óbvio. E as obviedades se tornaram dolorosamente claras, num rompante que levou milhões às ruas, em todo o país.
Em meio aos fatos, a poderosa Rede Globo é posta em cheque. No movimento das “Diretas Já”, os funcionários da emissora a obrigaram a revelar a verdade das ruas. Os cinegrafistas filmavam, gravavam e ela se recusava a divulgar. Até que se rebelaram e exigiram que as imagens fossem ao ar. Eles venceram.
Ronaldo teve a infelicidade de dizer que “uma copa não se faz com hospitais e sim com estádios”... Pelé, que segundo Romário, “de boca fechada é um poeta”, quer colocar a bola em primeiro plano... Galvão Bueno tenta minimizar a situação. Mas o povo sabe o que se passa, porque está presente nas ruas. A população antipatiza com a emissora, porque vê a informação sendo manipulada. Na verdade, aquele "padrão de qualidade" acaba pasteurizando até as notícias.
Aguardemos o desfecho desta bela cena nacional. Seja digno e escrito com honra e paz nas cores da nossa bandeira verde-amarela tão amada!
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