Elias Salum Cadeira n° 5 - Patrono: Leandro Guerrini |
Durante
a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os árabes intensificaram as emigrações,
as quais haviam tido início em 1880, pelo mundo, sendo o Brasil o destino mais
visado. Nessa época iniciou-se a vinda dos imigrantes árabes para Piracicaba,
ocasião em que se deu a fundação da Sociedade Beneficente Síria, em 16 de
novembro de 1902, com sua primeira sede na rua 13 de Maio, próxima à rua do
Rosário. Em 1955, a Sociedade transformou-se, passando a ter a denominação
Sírio-Libanesa. Em 1926, instalou-se na rua do Comércio, hoje Governador Pedro
de Toledo, nº 1045, onde até hoje ocorrem as reuniões e atividades culturais,
filantrópicas e sociais.
A referida imigração trouxe ao nosso
país os usos e costumes árabes, que até hoje são recebidos e assimilados
positivamente pela comunidade piracicabana. No passado, os imigrantes se
instalavam como comerciantes, com lojas de tecidos e armarinhos, além dos
mascates que levavam as mercadorias para a zona rural. Nessa tarefa, os
mascates eram verdadeiros mensageiros, na divulgação dos acontecimentos da zona
urbana que transmitiam aos moradores rurais.
Nesse contexto, as mulheres também
desempenhavam papéis importantes nas comunidades em que viviam. Um desses
aspectos eram as revoltas populares do mundo árabe, conforme informativos
enviados pelo Instituto da Cultura Árabe de São Paulo (ICA), e divulgados na
revista árabe “Chams” (nome que significa Sol). Para Soraya, do ICA, é
importante que se ressalte a participação ativa das mulheres em diversos
processos sociais, por se tratar de um momento histórico fundamental da luta
pelos direitos para todos os cidadãos, homens e mulheres, dos países árabes.
Nesse processo de engajamento, as
mulheres árabes continuam atuando nas mais diversas frentes. Recentemente,
devido aos movimentos sociais em diversos países árabes elas participam
ativamente na mobilização social e sua divulgação, via internet e nas redes
sociais, como Facebook e Twitter, o que vem atraindo a atenção da mídia
ocidental. Isso tem ocorrido, entre outros países, no Egito e na Tunísia, onde
a participação feminina tem se destacado tanto quanto a dos homens.
Ainda é comum achar que todas as
mulheres do Oriente Médio são oprimidas. Não podemos deixar de mencionar que,
em diversas áreas e aspectos, as mulheres brasileiras também lutam por direitos
igualitários e por ocupar sua posição na sociedade, que lhes cabe e que
merecem.
* * *
Um dos aspectos pelos quais se
aborda a temática das mulheres é o religioso. Nesse ponto pode haver uma
tendência de considerar as mulheres árabes pelo nosso referencial do Ocidente.
Daí o uso do véu causar tanta polêmica. Como relata Soraya, do ICA, as mulheres
árabes têm os seus rituais e suas vestimentas próprias e, em alguns países, o
véu virou um item de identidade cultural e de resistência. Em outros países, é
tido como um adereço de moda, não uma obrigação. A peça possui um valor
simbólico que vai além do aspecto religioso; é uma afirmação da identidade
feminina. "O véu, em muitos casos,
diz respeito ao que essa mulher preza e à educação que recebeu. Se ela foi
criada naquele ambiente em que as pessoas utilizam o véu e têm respeito por
isso, muito mais que pela religião, ela usará o véu em respeito ao costume
social e como afirmação de sua identidade muçulmana".
Sobre os casos em que as mulheres
são obrigadas a usar a burca
(vestimenta que cobre todo o corpo), ou o nikab
(véu que cobre todo o rosto, deixando apenas os olhos à mostra), é
importante ressaltar que essas práticas não dizem respeito à religião muçulmana
e não são obrigatórias.
"Não
há lei muçulmana que obrigue as mulheres a usar estas vestimentas, apenas o uso
do véu". São usos e costumes locais. Por exemplo: a burca é usada por tribos no Afeganistão,
o qual não é um país árabe; o nikab é
usado em países como Arábia Saudita e Jordânia.
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