Acadêmica Myria Machado Botelho Cadeira n° 24 - Patrona: Maria Cecília Machado Bonachella |
O
Natal leva-me a um anseio maior de
suavidade e harmonia... Anseio de paz, de recolhimento, de identificação com a
simplicidade do Presépio despojado, em que a mensagem da fé fala por si mesma.
É uma voz de silêncio, quase uma advertência para que nos calemos para refletir
na grandeza dessa Encarnação e desse Nascimento.
Na fragilidade e no despojamento daquela
família reunida no interior de uma gruta, erguia-se uma força obstinada de
princípios alicerçados na verdade, na justiça, na união, na solidariedade e no
amor. Em Maria,a obediência à Palavra
revelada, a colaboração com os planos de Deus, o “Fiat” que tornou possível o impossível,
instaurando no mundo a certeza de uma redenção vitoriosa que resgataria todas
as indagações. Em José, o justo, a
concordância aos desígnios divinos e o exemplo do trabalho digno que, por
pequeno que seja, pode ser grande nas mãos de quem o faz. Em Jesus, naqueles
braços estendidos, toda a misericórdia, o acolhimento, o perdão e o amor.
Em
três personagens reais uma História fundamentada na presença de um Deus conosco,
o Deus que veio para ser um de nós, o Deus que virá mais uma vez para exercer a
Sua justiça e inaugurar uma civilização em que o amor será a única lei.
O
Natal de Jesus deveria significar para todo mundo o anúncio de uma vida nova,
de um mundo novo a propor uma transformação radical para gerar o triunfo da paz
sobre as guerras; a solidariedade e a fartura do pão contra as desigualdades da
miséria e da fome;a vitória da justiça contra a prepotência e a injustiça;a queda do pecado e o advento
da graça divina que une e reconcilia, que perdoa, ama e defende a vida.
Este
2013 -- tão conturbado pela violência
cada vez mais ousada e cruel, pelos fenômenos naturais provocados pelos
temporais, as enchentes e os desabamentos ( desastres anunciados e repetidos),
a cada ano mais intensos, sem mencionar a frieza, a indiferença e os desvios escabrosos de nossos homens
públicos e uma espantosa desagregação
familiar e social - parece conter uma advertência que os humanos parecem ignorar. Não seria o momento
urgentíssimo de uma transformação?
Há
dois mil anos, a civilização pagã perdia, como hoje, a consciência de sua
dignidade. Escravizada pelos erros e o pecado, debatia-se no aviltamento, na
perda do respeito próprio e do equilíbrio construtivo.
Nasceu
Jesus. Devagar, os cultos pagãos e exteriores, as imolações de vidas humanas, a
imoralidade e as aberrações sexuais, as sodomias e ritos orgíacos, totalmente
libertinos, foram sendo substituídos por algo superior, colocando o ser humano
em sua verdadeira dimensão, restituindo-lhe a noção de sua própria grandeza
como filho de Deus, a sua imagem e semelhança. Operava-se a revolução branda do
amor contra os conceitos transitórios do egoísmo, da ambição e do materialismo.
Era o ideal cristão, regado com o sangue de grandes mártires e santos, espalhando-se,
atingindo os diversos níveis sociais, as raças, os continentes, abrangendo
vastos horizontes e modificando tradições.
Dois
mil anos depois esta chama continua viva, para não apagar-se, embora o
materialismo feroz que assola o mundo numa situação bastante similar à
civilização pagã, leve-nos a crer na iminência das realizações proféticas. As
fileiras de um contingente humano fiel, porém, se engrossam, vigilantes e
atuantes, a sustentar a evidência das “coisas que passam”, proclamando com suas
próprias vidas que os caminhos do mal são bastante tortuosos para que não se
estabeleça dentro do coração humano a opção libertadora. O Deus que veio e que vem sempre, em todo Natal nos pede,
com insistência e paciência, a opção da conversão e do amor. Do amor que é paz
e força na caminhada, esperança e luz para todos os que O acolhem de boa
vontade!...
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