Acadêmica Myria Machado Botelho Cadeira n° 24 - Patrona: Maria Cecília Machado Bonachella |
26 de julho, dia de São Joaquim e Santana, pais de Nossa Senhora e avós
de Jesus, quase passa despercebido como o dia dos avós, configurando uma
injustiça.
Sou vovó de oito netos, sete
bisnetos e mais uma a caminho, e creio poder dizer que todos eles conviveram e
convivem comigo desde que nasceram e não são poucas as doces lembranças desse
convívio quando, em alguns, troquei as primeiras fraldas e dei os primeiros
banhos. Embalei-os no aconchego do colo, da cadeira de balanço, dos cafunés e
das canções de ninar. Havia um tempo para as histórias reais e imaginárias que
até hoje repito e acrescento para os mais novos; inicia-se ali um aprendizado
no mundo da imaginação e da fantasia, alicerce do sonho tão necessário na difícil
batalha da vida. A expressão nova e bela de olhos atentos e ouvidos prontos,
junto de tantas manifestações e porquês, se repete e caminha no tempo, sempre a
determinar outras fases, outros objetivos, outras circunstâncias. É o mundo que
se abre diante deles para descortinar a beleza das descobertas e dos encantos
da vida. O que, hoje, infelizmente, não acontece para muitos pequeninos que,
depois de crescidos não conheceram as delícias desse aconchego.
Vivendo e participando de sonhos e
conquistas, fracassos e vitorias, decepções e alegrias, respeitando seus
espaços ou interferindo às vezes, brinquei, corri, dancei, cantei, me diverti e
chorei com eles. Até hoje, ainda canto, danço e me escondo com minha neta
caçula e a nova geração dos bisnetos, procurando sempre fazer presença nos
momentos importantes de uma caminhada que não cessou e não cessará enquanto eu
viver e tiver forças para estar ao lado deles . Não somente contribuo e
aconselho, como também aprendo e muito; não
somente escuto, como também extravaso minhas dúvidas e dores, e ouço
sugestões e críticas. Devo dizer, com certeza, que meus netos e minha família
constituem uma das razões principais de minha vida.
Sem
falar do lado triste do abandono e das carências do afeto e do necessário
acompanhamento, as crianças de hoje são vítimas das intromissões nefastas do
mundo dos adultos, da terceirização, dos conceitos estúpidos que substituem os
sentimentos verdadeiros e simples, sobretudo a tecnologia dos aparelhos e dos
robôs que ameaça inclusive a substituição humana. Não vai tardar muito o tempo
das babás eletrônicas mais eficientes, aliás já temos algumas como a TV e os
celulares.
Um grande número de pseudoeducadores,
ideológicos de teorias que nunca conviveram com crianças, e políticos
desinformados que proliferam como pragas, em vez de se deterem nos problemas
que realmente afetam os pequenos propõem certas aberrações “politicamente
corretas” que só trazem confusão e prejudicam, criando, isto sim, o preconceito
e o estigma, tais como alterações em histórias e cânticos milenares, incluídas as deliciosas histórias
de Monteiro Lobato, que tanto coloriu e
fez sonhar o mundo infantil. A última dessas
aberrações é a lei das palmadas que
concede aos pequenos mais uma liberdade a seus desregramentos. Sou do tempo
muito saudável da liberdade que impunha deveres e obrigações comportamentais,
limites que educam e formam o caráter e a dignidade; algumas vezes, as palmadas
necessárias, ajudaram-me bastante sem causarem traumas. Acredito que muitas
vovós se identificam comigo e, como eu,
elevam a Deus uma ação de graças pela vida
e o convívio tão belo e enriquecedor que nos é
dado.
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