Ivana Maria França de Negri
Observar os corpos celestes, em seu
bailado no céu, desde tempos remotos, sempre foi algo que despertou curiosidade
e encantamento.
Estudar a formação dos astros, sua
evolução, seus movimentos, é apaixonante, pois parecem flutuar no espaço, presos por fios invisíveis.
Antigamente, sem celulares, tablets,
computadores, e outros dispositivos que tomam todo o tempo das pessoas, era
muito comum elas olharem para o céu, a fim de observar a dança dos astros, o
pôr do sol, as várias fases da lua. Hoje, pouca gente tira os olhos do celular
e eleva o olhar para observá-los. Será que o Universo perdeu a magia? O recém falecido
astrofísico e estudioso do Cosmos, Stephen
Hawking, dedicou sua vida a explicar o Universo. Deixou um legado riquíssimo para
a humanidade e um best seller: “Uma Breve História do Tempo”.
Dia destes, estive no SESC com minha
neta Ana Clara, para uma aula introdutória do Projeto Astronomia Cidadã, com o
astrônomo Warner Berenger, do Observatório Astronômico de Piracicaba. Um evento
totalmente gratuito e aberto à população. Mas poucas pessoas compareceram. Se
fosse um show de algum funkeiro, certamente iria lotar. Isso mostra qual tipo
de cultura interessa aos jovens atualmente.
As mídias dão espaço imenso para a
cultura de massas, mas quando é algo cultural de verdade, só uma notinha num
canto. Isso, se sobrar espaço.
A Cosmologia, estudo da formação das galáxias, é
fascinante! Vejo tanta gente se achando o centro do Universo, mas se estudassem
um pouquinho de astronomia, chegariam à conclusão de que somos um nada, um
grãozinho ínfimo de poeirinha cósmica diante da imensurável amplidão do
Universo. O estudo é tão arrebatador, que não podemos ter a arrogância de
imaginar que só neste planetinha exista vida.
Aprendendo um pouco sobre o
Universo, não temos como negar a existência de uma mente superior, uma energia
inimaginável e poderosa que criou tudo.
O brilho de uma estrela que
avistamos no céu, até chegar a nós, leva anos-luz. E essa estrela pode nem
existir mais, pois sua luz, dependendo da distância, até chegar à nossa visão,
já pode ter-se apagado há séculos. Existem estrelas a milhões de anos-luz
distantes da terra. E outras galáxias a bilhões de anos-luz... Dá para imaginar
isso?
Como todos devem saber, ano-luz é a distância que a luz percorre no vácuo no
período de um ano. Até onde nossas descobertas nos permitem chegar, a
velocidade da luz é a coisa mais rápida de que se tem notícia.
O Sol está a oito minutos-luz da
Terra e a Lua está apenas a um segundo-luz. Parece pouco, não é mesmo?
Sabendo-se que a velocidade da luz é 300.000 km por segundo, é só fazer as
contas! Um segundo-luz, dá 7 voltas e meia em torno da Terra!
Até o conceito de tempo modifica-se
em nossa cabeça. A galáxia Herbble Deep-Field está a 10 bilhões de anos-luz da Terra. De
suas 20 bilhões de estrelas, 90% já morreram, mas seu brilho continua a
atravessar o espaço na velocidade da luz.
Quem esteve no SESC, aprendeu muito,
quem não foi, perdeu. Mas o Observatório Municipal abre aos sábados, e quando o
céu está sem nuvens, pode-se observar as estrelas através de telescópios de
grande precisão.
Não deixem de levar as crianças.
Certamente elas aprenderão muito, de uma maneira lúdica e divertida. Uma
experiência que jamais esquecerão.
Texto publicado na GAZETA de PIRACICABA
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