Lídia Sendin
O que há em mim? Não faço mais poesia?
Olhos no céu, o pensamento em pedra,
Calou-se das palavras a alegria,
Aquela inspiração em mim não medra.
Fugiram minhas letras em rebeldia,
Mergulharam nos mares da inconsciência,
O que da alma me saiu um dia,
Agora só me vem como ciência.
Não quero estudar cada partícula,
Preciso que me venham improvisos,
Que brotem como folhas em radículas,
Que surjam como espanto, sem avisos.
Não é preciso rima ou tanta métrica,
- Ó musas! Não me deixem sem amparo,
Vagando louca na paisagem tétrica,
Tirando este verbo que me é caro.
Qualquer linha já basta para a alma,
Qualquer verso me levará ao céu,
Dará ao meu espírito essa calma
Que só vem com as palavras no papel.
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