Ivana Maria França de Negri
Maria, na janela, olhava a rua. Flor
nos cabelos, no coração esperanças, muitas. E sonhos, tantos sonhos.
Todos os dias, quando o sol se
punha, lá estava Maria, debruçada na janela, fitando o horizonte.
Passava o moço moreno, de chapéu, e lhe
sorria, um sorriso bonito. Passava a garotinha que voltava da escola e o seu
cãozinho sempre a esperar por ela, agitando freneticamente a cauda quando a via
cruzar a esquina.
Maria menina, Maria moça, Maria mulher. O
tempo passando e Maria sempre debruçada na janela vendo a vida passar. Tudo tão
rápido que ela nem se deu conta. Os cabelos branquearam, o moço de chapéu se
casou e foi embora, a garotinha que vinha da escola se formou e foi dar aulas
em outra cidade. O cão morreu de velho.
Maria velhinha, já nem via mais nada,
apertava os olhos e dizia: mas que vidraça embaçada!
Um dia, Maria se foi...Seu vulto desapareceu
da janela de onde viu a vida passar.
Em sua lápide, o olhar de Maria, numa foto,
fixava o nada. A moldura do retrato, como se fosse uma janela. E os olhos
etéreos, voltados para outras dimensões.
Eis que novas paisagens se abriam para as
janelas de Maria...
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