Bianca Rosenthal
Diz
o conhecido ditado que devemos dançar conforme a música. De certa forma, a vida
pode ser comparada à dança, sendo ora alegre, dramática, fúnebre, apaixonante,
romântica...
Se
permitirmos, podemos sentir o ritmo do vento e até bailar com ele, contornando
vendavais que se assemelham às intempéries da vida, dissipando-se gradualmente
até tornar-se uma brisa suave e a dança se tornar gentil.
Que prazer é poder dançar e expressar-se com o
corpo, movimentos encantadores cheios de sentimentos que cativam e arrancam
suspiros da plateia. Cada movimento é um sentimento, cada giro é uma emoção,
saltos leves e suaves, seguidos de aceleração, tempo e contratempo, assim
ocorre na vida.
Permitir
que a alma seja tocada pelo ritmo que a beneficia, dependendo do estado que se
encontra e de preferência.
Um
dos meus escritores favoritos, Rubem Alves, fez uma bela comparação envolvendo
a dança, quando disse:
“Há pessoas que nos fazem voar. A gente se
encontra com elas e leva um bruta susto (...) elas nos surpreendem e nos
descobrimos mais selvagens, mais bonitos, mais leves, com uma vontade incrível
de subir até as alturas, saltando de penhascos. Outras, ao contrário, nos fazem
pesados e graves. Pés fincados no chão, sem leveza, incapazes de passos de
dança. Quanto mais a gente convive com elas mais pesados ficamos.”
Que
possamos nos cercar de pessoas que nos inspiram e fazem brotar em nós a leveza
e a capacidade de dançar, ainda que metaforicamente, despertando o melhor que
há em nós.
Dançar
é mágico, entre giros e rodopios, palmeados e sapateados, arrepios e calafrios,
a dança é entrega. Por vezes resgata a infância, outras tem o poder da sedução.
Termino
aqui com uma frase de Victor Hugo:
“A dança expressa o que não se consegue
dizer em palavras, mas que também não pode de forma alguma permanecer em
silêncio”.
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