Antonio Carlos Neder Cadeira n° 15 - Patrono: Archimedes Dutra |
Muitas vezes nossas artérias lembram canos velhos de metal, que enferrujam com o tempo e acumulam resíduos até entupirem por completo. Por analogia é mais ou menos o que ocorre nas doenças que danificam os vasos sanguíneos.
A arteriosclerose é associada a dezessete milhões de morte no mundo por ano. Marcada pela formação de placas de gordura que impedem a passagem do sangue, a arteriosclerose em geral é fatal, quando afeta as artérias do coração, ou do cérebro, órgãos que resistem apenas poucos minutos sem oxigênio.
Parece paradoxal, mas pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul descobriram que um tipo de hormônio produzido pelo organismo, com estrutura similar à das gorduras, as prostaglandinas, que pode auxiliar no tratamento e até na prevenção do problema.
Utilizando-se prostaglandinas, a equipe do bioquímico Paulo Ivo Homem de Bittencourt Júnior produziu um composto que, em experimento com camundongos, mostrou-se capaz de dissolver placas de gordura que acumulam nas artérias − os ateromas, como dizem os médicos. Essa formulação, que recebeu o nome provisório de Lipocardium, também impediu a formação de placas, consequência do consumo de alimentos gordurosos, do tabagismo e do sedentarismo.
Caso se demonstre a segurança e eficácia desse composto, nos futuros testes com coelhos, cães e seres humanos, é possível que em até dez anos chegue às farmácias um medicamento novo para evitar a formação de placas que impedem a circulação normal do sangue.
Fabricadas em pequenas quantidades no interior das células, as prostaglandinas formam uma vasta família de moléculas pequenas – cada uma delas com ações distintas nas diferentes partes do corpo, que vão desde o controle da pressão arterial até a ativação do centro cerebral da dor.
Como resultado, os lipossomos mergulhados no sangue se enroscam nas moléculas de adesão ao passarem pelo ferimento e, como o cavalo recheado de guerreiros que os gregos ofertaram aos troianos, são absorvidos pelas células avariadas. Assim, as prostaglandinas atuam apenas no ponto desejado sem gerar efeitos indesejáveis. Eis a principal diferença entre o composto desenvolvido pelos pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e os outros medicamentos usados no combate à arteriosclerose − as estatinas, por exemplo, que atuam de outra forma e reduzem o risco da arteriosclerose porque inibem a produção de colesterol, em especial no fígado. “Além de usado para tratar a arteriosclerose, o composto à base de prostaglandina talvez possa prevenir a formação de ateromas nos casos em que há histórico familiar de colesterol alto” – diz Homem de Bittencourt, que já obteve o registro da patente da nova formulação no INPI – Instituto Nacional de Patentes Industriais.
Enquanto essa nova medicação não entra no mercado, devemos nos resguardar, visitando periodicamente o consultório médico e, por certo, sairemos de lá com pedidos de exame-controle, visando o colesterol, a glicemia, os trigliceres, além do hemograma completo.
Para completar esses cuidados, haverá sempre, independente dos resultados dos exames laboratoriais, atenção especial com a alimentação gordurosa, tabagismo, alcoolismo, dieta de sal e açúcar, além de evitarmos o estresse e o sedentarismo.
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